A polícia interrogou e revistou produtor da agência de vídeo Ruptly acreditado para a cúpula da OTAN em Londres.
Sputnik
Depois de ter recebido sua acreditação para a cúpula da OTAN, o funcionário da Ruptly deveria receber um crachá de identificação na chegada ao centro de mídia em Londres, mas foi convidado a esperar. Foi então abordado por um policial não uniformizado que mostrou identificação e pediu que esperasse por seus colegas.
© Sputnik / Mikhail Voskresensky |
"Vieram vários policiais e pediram para ver os documentos e explicar o que estava fazendo ali", conta o produtor da Ruptly. "Disse que sou jornalista e estava esperando a confirmação da acreditação. Apresentei meu passaporte, carteira de jornalista e uma carta de aprovação da acreditação. Disseram-me que estava detido por suspeita de terrorismo e começaram a me revistar e a verificar meus pertences".
Segundo o jornalista, a polícia afirmou que sua acreditação foi revogada.
"Eu respondi que não podia ser e mostrei o e-mail. Os policiais insistiram e eu disse que não fui informado, por isso eu vim e entrei no prédio. Cerca de 20 minutos depois, a polícia me deixou em paz", acrescentou o funcionário da Ruptly.
A agência de vídeo enviou um pedido oficial de esclarecimento à Aliança Atlântica, mas até agora não recebeu resposta.
Reação ao incidente
Margarita Simonyan, redatora-chefe da agência de notícias Rossiya Segodnya e do canal RT TV, comentou o episódio.
"O produtor da nossa agência de vídeo Ruptly, acreditado para a cúpula da OTAN em Londres, foi detido pela polícia na cúpula. Revistaram-no, interrogaram-no, verificaram todos os documentos de identificação de jornalista e informaram que sua acreditação tinha sido anulada de acordo com a lei sobre o terrorismo. De acordo com a lei, vejam só!", escreveu Simonyan esta quinta (5) no Telegram.
Segundo Simonyan, a OTAN ainda não respondeu ao pedido de esclarecimento da RT. "Não sei como são as coisas na OTAN, mas nós não contratamos terroristas. É um de nossos truques", disse ela.
Antecedentes
Não é a primeira vez que Londres tentou interferir nas atividades do RT. Assim, após o incidente dos Skripal, os deputados britânicos pediram ao governo que revogasse a licença de transmissão do canal.
Na primavera de 2018, o regulador de mídia Ofcom lançou investigações sobre dez notícias do RT, ligando sete deles aos eventos em Salisbury, Reino Unido, eventos que não estavam relacionados com o canal. Um jornalista do The Guardian que assistiu às reportagens do caso Skripal do RT durante vários dias, foi forçado a admitir que "a informação sobre os acontecimentos foi, de um modo geral, apresentada tal como era".
Segundo os resultados das inspeções da Ofcom, o RT teria violado o código de radiodifusão em sete ocasiões. Não foi encontrada nenhuma violação em três outros ocasiões.
Em julho, Londres impediu o RT de participar de uma conferência sobre liberdade de imprensa, argumentando que o "RT e a Sputnik espalham desinformação".
Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, respondendo à pergunta de um jornalista mexicano sobre a situação com o RT e a Sputnik, disse: "Este é um grande exemplo de uma mídia livre, o fato de você estar me fazendo estas perguntas. Isto é porque não achamos que sejam mídias livres. Consideramo-los porta-vozes do Estado russo".
A agência de notícias Sputnik também não foi acreditada na conferência do Partido Conservador da Grã-Bretanha no dia anterior ao seu início, embora o pedido tenha sido apresentado um mês antes. As razões da decisão nunca foram explicadas.