Militares foram encontrados pelo Exército brasileiro na quinta (26). Segundo o governo de Nicolás Maduro, eles são 'desertores' e estão envolvidos no ataque a uma base militar na Venezuela.
Por G1 — Brasília
O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Defesa divulgaram uma nota conjunta neste sábado (28) informando que os cinco militares venezuelanos retidos em Roraima pelo Exército brasileiro foram recebidos pela "Operação Acolhida" e vão iniciar os procedimentos para pedir refúgio no Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Defesa divulgaram uma nota conjunta neste sábado (28) informando que os cinco militares venezuelanos retidos em Roraima pelo Exército brasileiro foram recebidos pela "Operação Acolhida" e vão iniciar os procedimentos para pedir refúgio no Brasil.
Reprodução |
Coordenada pelo Ministério da Defesa, a operação cuida do fluxo migratório dos refugiados que cruzam a fronteira para fugir da crise no país vizinho.
Os militares foram encontrados pelo Exército brasileiro na quinta-feira (26) durante patrulhamento na região da terra indígena de São Marcos, ao Norte de Roraima. Os cinco estavam estavam desarmados e foram conduzidos à capital Boa Vista.
Mais cedo neste sábado, a Venezuela anunciou que havia solicitado ao governo brasileiro que os militares fossem entregues ao país de origem.
Segundo o governo de Nicolás Maduro, os oficiais são "desertores" e estão envolvidos no ataque a uma base militar no sul do território venezuelano ocorrida na semana passada.
A Venezuela afirma que os combatentes participaram do ataque contra uma instalação militar em Gran Sabana, em 22 de dezembro, que resultou na morte de um oficial e no roubo de 120 fuzis e nove lança-granadas.
De acordo com o ministro da Defesa da Venezuela, general Vladimir Padrino, após o ataque, unidades militares e policiais da região iniciaram uma perseguição e conseguiram prender seis homens e recuperar as armas roubadas.
Após o episódio, o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, disse que os invasores foram "treinados em acampamentos paramilitares plenamente identificados na Colômbia" e "receberam a colaboração do governo de Jair Bolsonaro". Rodríguez, no entanto, não apresentou provas do envolvimento brasileiro.
O Itamaraty negou "qualquer participação no episódio" do dia 22 e ressaltou que "o Exército Brasileiro intensificou o patrulhamento na região da faixa da fronteira".
Polêmica
O governo de Nicolás Maduro tem acusado o Peru, Colômbia, Equador e Brasil de "usar" militares venezuelanos desertores que procuram refúgio nesses países para "semear a violência, a destruição e a morte na Venezuela".
Itamaraty e Defesa
Leia a íntegra da nota do governo brasileiro:
Os cinco militares venezuelanos localizados em território brasileiro, em 26 de dezembro, pelo Exército Brasileiro, durante patrulhamento de rotina na fronteira, foram recebidos neste sábado (28 de dezembro) pela “Força Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida”, onde iniciarão os procedimentos para a solicitação de refúgio no Brasil, a exemplo de outros militares venezuelanos em situação similar.
A “Força Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida” tem prestado relevantes serviços no atendimento aos imigrantes venezuelanos na fronteira norte do Brasil, sendo reconhecida e premiada internacionalmente.
Crise entre Brasil e Venezuela
A Venezuela enfrenta uma profunda crise política, econômica e social. Milhares de pessoas já fugiram do país para outras regiões da América do Sul e líderes da oposição denunciam perseguição política.
Desde a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, as relações entre Brasil e Venezuela ficaram mais tensas.
Bolsonaro defende publicamente a saída do poder do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Desde o início deste ano, o governo brasileiro passou a reconhecer como autoridade do país o autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.
Em fevereiro, na esteira de uma crise provocada pelo envio de ajuda humanitária organizada pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, Maduro determinou o fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela, no estado de Roraima.
O presidente venezuelano se diz vítima de uma tentativa de golpe por parte do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, e afirma que os Estados Unidos comandam uma "perseguição ilegal" contra o governo dele.
Mais recentemente, em novembro, a sede do governo venezuelano no Brasil foi ocupada por seguidores do autoproclamado presidente Juan Guaidó. Apesar de o governo brasileiro reconhecer Guaidó como presidente venezuelano, a representação diplomática em Brasília é administrada por funcionários do presidente Nicolás Maduro.
Na época, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela".