As decisões do presidente argentino, Alberto Fernández, de restabelecer a Secretaria das Malvinas e convocar um Conselho sobre o tema devolvem ao país a confiança e a firmeza sobre sua demanda, disse o veterano de guerra Edgardo Esteban à rádio Sputnik Mundo.
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Além disso, o Brexit pode ser uma oportunidade para que a influência britânica sobre as ilhas diminua.
© AP Photo / Eduardo Di Baia |
Já em seu discurso de posse, o presidente da Argentina colocou a questão das Malvinas (chamadas de ilhas Falklands pelo Reino Unido e parte da comunidade internacional) como uma de suas prioridades. Frente ao Congresso, o mandatário anunciou a criação de um "Conselho" com representação de todos os partidos políticos, o Governo da província da Tierra del Fuego, o setor acadêmico e os veteranos da Guerra das Malvinas.
Para o ex-combatente Edgardo Esteban, a importância que o novo presidente deu à demanda argentina pela soberania sobre as ilhas é um bom sinal. Esteban, em entrevista à Sputnik, ressaltou que "é a primeira vez que um presidente fala com esta profundidade das Malvinas quando assume o cargo". Além do mais, destacou como algo inédito que o mandatário tenha incluído os ex-combatentes em sua convocação.
Esteban também comentou que a postura de Fernández demonstra que "as Malvinas não pertencem a nenhum presidente, são uma questão de Estado em que é necessário trabalhar como política de Estado, marcando o presente, mas também olhando para o futuro".
Esteban considerou que a criação de um Conselho plurissetorial sobre as Malvinas será positiva para gerar um consenso "no básico e essencial" da demanda de soberania, deixando os diferentes enfoques que existem na Argentina sobre a causa e o conflito bélico de 1982 em segundo plano.
Para além do trabalho desse novo conselho, Esteban elogiou a decisão do Governo de Fernández de restabelecer a Secretaria das Malvinas no Ministério das Relações Exteriores e Culto, pasta que havia sido eliminada no primeiro ano da gestão do presidente argentino antecessor, Mauricio Macri.
O veterano opina que a Argentina deveria rever sua postura frente às conexões aéreas que se iniciaram entre São Paulo e as ilhas Malvinas, operadas pela companhia aérea Latam.
Como o Brexit pode favorecer a Argentina?
A vitória do candidato conservador Boris Johnson nas eleições britânicas de 12 de dezembro colocou os habitantes das ilhas sul-americanas em alerta. A possibilidade de concretização definitiva do Brexit prejudicará a economia local, cuja produção tem a União Europeia como um dos seus principais mercados.
Para Esteban, trata-se de um contexto que seu país deverá aproveitar para impulsionar sua demanda com maior peso internacional, tornando fundamental a posição do próximo embaixador argentino no Reino Unido.
"É um contexto favorável para a Argentina porque, para a União Europeia, as ilhas Malvinas passam a ser um território extracontinental", analisou, comparando a situação das ilhas do Atlântico Sul com o que também ocorrerá com Gibraltar.
Segundo o veterano, a Argentina deverá buscar "novas alianças com países europeus” e condenar a manutenção de "uma colônia britânica que está a doze mil quilômetros e que eles possuem com total impunidade".
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