Em outubro, a Força Aérea dos EUA informou que a entidade criou uma unidade específica para discutir um "desafio típico da Força Aérea: como derrubar o sistema de defesa antiaéreo integrado russo".
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A divulgação do plano respalda informações de que o Pentágono estaria elaborando planos para penetrar no espaço aéreo da região de Kaliningrado. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou os planos de "irresponsáveis".
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De acordo com o comandante, ouvido pelo site c4isrnet, o cenário destes planos norte-americanos é dividido em diversas fases. A primeira foca na coleta de inteligência e prevê cooperação entre os órgãos de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) da Força Aérea e da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês). Os dados teriam o objetivo de "entender como os sistemas de defesa russos se comunicam, operam e onde estão localizados".
Após a coleta dos dados, a brigada 363 ISR da Força Aérea teria a tarefa de compreender "como explorar os sistemas russos" e que danos eles podem causar às "forças amigas".
Após isso, a nona brigada de reconhecimento, equipada com aviões U-2, iria conduzir uma nova vaga de guerra eletrônica contra o sistema integrado de defesa antiaérea russo.
"A unidade 480 ISR, que apoia o Sistema Terrestre Comum Disperso (DCGS, na sigla em inglês)- uma plataforma global de distribuição de inteligência, tem um grupo dedicado exclusivamente ao sistema russo", nota o artigo.
No estágio final do plano para penetrar no espaço aéreo russo, as unidades responsáveis pela guerra eletrônica, bem como pela inteligência de sinais, ajudariam a reconstruir as capacidades ofensivas, defensivas e sensoriais, que, segundo o artigo, "se atrofiaram ao longo dos anos" e precisariam da "ajuda da NSA" para cumprirem a sua tarefa.
De acordo com o general da Força Aérea norte-americano David Goldfein, citado pelo artigo, a unidade recém-criada poderia se tornar um mecanismo de desescalada que poderia ajudar a evitar um potencial conflito.
"Estamos preparados para combater se nos convocarem. Mas se houver um caminho para a desescalada, por favor", disse Goldfein.
Alvo prioritário: enclave russo de Kaliningrado
Os comentários de Goldfein vieram após um instituto de pesquisa norte-americano ter publicado recentemente um relatório sobre um cenário de guerra "hipotético" entre a Rússia e a OTAN na região do Báltico. O relatório, escrito por Richard Hooker, foi publicado pela Fundação Jamestown.
De acordo com o cenário, a OTAN deveria tomar o enclave russo de Kaliningrado em pelo menos duas semanas. O território de Kaliningrado, localizado na Europa entre a Polônia e a Lituânia, passou a pertencer à União Soviética desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
"É imperativo que 1) as forças da OTAN derrotem a defesa antiaérea russa em Kaliningrado no prazo de 14 dias para que a Força Aérea da aliança fique em posição de vantagem, 2) as forças no terreno e reforços a serem rapidamente mobilizados segurem as posições por 30 dias e 3) reforços significativos cheguem e entrem em combate o mais tardar 30 dias após o início das hostilidades. Atualmente, a OTAN não está preparada para atingir nenhum desses objetivos", disse Hooker.
O relatório não aponta quais seriam os motivos para o início das hostilidades, limitando-se a afirmar que a Rússia tem planos em relação à região do Báltico.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reagiu aos planos norte-americanos dizendo que todas as regiões da Rússia estão devidamente protegidas.