A retirada de Ancara do programa dos caças F-35 pode deixar os EUA relutantes em vender as aeronaves a países que tenham laços militares com Moscou, estimam especialistas consultados pela revista Defense News.
Sputnik
De acordo com a revista, a compra dos sistemas russos de defesa aérea S-400 pela Turquia pode levar os EUA a evitarem vender caças de quinta geração norte-americanos F-35 a países do golfo Pérsico nos próximos anos.
S-400 Triumph © Sputnik / Yevgeny Odinokov |
Em 2017, a feira internacional aeroespacial Dubai Airshow "estava repleta" de notícias de que os EUA iriam negociar o fornecimento de caças F-35 para os Emirados Árabes Unidos.
Na época, os funcionários norte-americanos estavam confiantes de que era possível fornecer aos países da região "uma das peças mais aguardadas e sensíveis da tecnologia norte-americana", lembra a publicação. Neste ano, nas vésperas da nova edição da feira, o quadro é bem diferente.
Loren Thompson, analista de defesa do Instituto Lexington, explica que os países do golfo há anos que "estão no radar" da Lockheed Martin, a fabricante do F-35. Mas, no contexto atual, não há venda "eminente":
"Os Emirados Árabes Unidos seriam o candidato mais provável, mas, considerando o que aconteceu com a Turquia no caso dos F-35, não parece provável que haja um acordo em vista", disse Thompson.
De acordo com uma diretora da Lockheed Martin, Marillyn Hewson, "há um desejo por parte do Oriente Médio" em adquirir estes caças:
"Acredito que, em algum momento, o governo dos EUA irá lançar essa tecnologia no Oriente Médio, como fez nos casos do F-15 e do F-16", opinou Hewson.
Moscou também encara o Oriente Médio como "terreno fértil" para a sua venda de armamentos, incluindo aviões de combate e sistemas de defesa aérea de fabricação russa, como o S-400.
O artigo destaca as negociações entre a Rússia e o Qatar sobre uma possível venda de sistemas S-400 e a recente proposta, feita pelo presidente russo Vladimir Putin, de fornecer esse sistema antiaéreo para a Arábia Saudita.
"Se não vão vender F-35 a um país aliado da OTAN que está adquirindo equipamentos de defesa russos, certamente não irão dar autorização para vender a um país que não é sequer um aliado formal e esteja comprando sistemas de defesa antiaérea russos", disse o analista de segurança nacional do American Enterprise Institute, Gary Schmitt.
O analista aeroespacial do Teal Group, Richard Aboulafia, por sua vez, aponta que os EUA poderiam continuam ignorando o fato de países do golfo comprarem tecnologia militar chinesa ou russa, como tanques ou artilharia. Mas quando o assunto é sofisticados sistemas de defesa antiaérea como o S-400, a abordagem é outra:
"Veículos blindados para transporte de pessoal? Quem se importa com isso? Mas, se estamos falando de radares de rastreamento que podem transmitir dados em grande quantidade, então passamos dos limites", concluiu Aboulafia.
A Turquia adquiriu o sistema de defesa antiaérea russo S-400, apesar de ser membro da aliança militar do Atlântico Norte, a OTAN.
Em resposta, os Estados Unidos retiraram o país de seu programa de desenvolvimento e produção dos caças de quinta geração F-35 e ameaçam Ancara com sanções econômicas.
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