Junius Ho recebeu tratamento médico e foi liberado. Ele foi atingido por um manifestante contra a China, que também acabou ferido e foi preso, informou a polícia. Hong Kong tem protestos contra o governo chinês desde junho.
Por G1
Um político pró-Pequim foi esfaqueado em Hong Kong enquanto fazia campanha nesta quarta-feira (6), informou a polícia da cidade.
Junius Ho, político de Hong Kong que é pró-Pequim, em foto de agosto de 2019. — Foto: Kin Cheung/AP |
Junius Ho, que é membro do conselho legislativo local, teve um ferimento de 2 centímetros de profundidade, segundo ele mesmo relatou a repórteres. O político, que recebeu tratamento médico e já foi liberado, disse que a faca acabou sendo aparada por sua costela.
Um vídeo circulando nas mídias sociais mostra um homem dando flores a Ho e pedindo permissão para tirar uma foto com ele, segundo a Associated Press. Em vez de tirar a foto, entretanto, ele saca uma faca da bolsa e esfaqueia Ho no peito. Ele foi rapidamente dominado pelo próprio conselheiro e por outras pessoas.
O homem continuou lançando comentários abusivos contra Ho, chamando-o de "escória humana". Além do conselheiro, dois de seus assistentes e o próprio responsável pelo ataque ficaram feridos. O autor foi preso, de acordo com a polícia.
Ho estava na mira de manifestantes contra Pequim desde 21 de julho, diz a AP. Naquela data, homens mascarados e armados, vestindo camisetas brancas, atacaram manifestantes pró-democracia e passageiros em uma estação de metrô de Hong Kong, ferindo 45 pessoas. Ho foi visto apertando a mão de alguns dos atacantes naquela noite.
O ataque marcou uma virada sombria nos protestos, que começaram no início de junho na cidade. Os manifestantes acusaram a polícia de demorar a responder ou até de conspirar com os agressores. A polícia disse, depois, que membros de gangues do crime organizado estavam envolvidos.
Ho, cujo círculo eleitoral inclui Yuen Long - onde fica a estação de metrô -, negou conluio com gangues. Ele disse que esbarrou nos homens depois do jantar e agradeceu por "defenderem suas casas", mas que não soube da violência até mais tarde.
Os manifestantes já haviam vandalizado o escritório de Ho várias vezes e profanado os túmulos de seus pais.
No ataque desta quarta (6), o conselheiro estava em campanha para as eleições distritais, de 24 de novembro, quando devem ser escolhidos 452 conselheiros. Atualmente, os assentos são dominados pelo bloco pró-establishment.
O ataque a ele despertou preocupações de que as pesquisas sejam adiadas. O maior partido pró-establishment da cidade manifestou, novamente, preocupações com a segurança, dizendo que houve 150 casos de seus candidatos sendo assediados e seus escritórios sendo vandalizados no último mês, informou a mídia local.
Ataques contra manifestantes
Além de Ho, também houve ataques a figuras pró-democracia. No domingo (3) à noite, um homem com uma faca cortou parte da orelha do vereador Andrew Chiu e feriu duas pessoas. Jimmy Sham, líder de um dos maiores grupos pró-democracia da cidade, foi atacado no mês passado por agressores que usavam martelos.
Nesta quarta (6), centenas de estudantes de duas universidades se uniram em apoio a um homem de 22 anos que está no hospital depois de cair do andar superior de um prédio de estacionamento quando a polícia disparou gás lacrimogêneo em confrontos na segunda (4).
Investigações policiais estão em andamento para determinar o que aconteceu no caso.
Desafio à liberdade, diz líder
Em entrevista coletiva nesta quarta em Pequim, para encerrar sua visita à China continental, a líder de Hong Kong, Carrie Lam, condenou o ataque a Ho e disse estar preocupada com o aumento da violência nos protestos.
"Como os manifestantes que praticam atos violentos alegam estar buscando liberdade e democracia? Cada ato deles desafia a liberdade e viola os direitos da maioria do povo de Hong Kong", disse Lam.
Lam, que já havia conversado com o vice-primeiro-ministro, Han Zheng, disse estar agradecida pelo apoio da liderança chinesa durante sua viagem e prometeu fazer cumprir rigorosamente a lei para restaurar a ordem. Ela também se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, em Xangai na segunda (4) - o que foi visto como um endosso ao tratamento da crise por seu governo.
"As atividades violentas realizadas por forças separatistas radicais foram muito além do limite da lei e da ética", disse Han Zheng. "O trabalho mais importante para a sociedade de Hong Kong agora é parar a violência e restaurar a ordem".
O Ministério das Relações Exteriores da China rejeitou, recentemente, um relatório que dizia que Pequim planejava substituir Lam no próximo ano. Mas o Partido Comunista disse em comunicado na terça (5) que "aperfeiçoaria" o sistema para nomear e demitir o líder e as principais autoridades de Hong Kong, em uma indicação de maior firmeza no território. Nenhum detalhe foi dado.
Muitos viram um projeto de extradição para a China, agora arquivado e que desencadeou os protestos, como um sinal de Pequim violando as liberdades judiciais de Hong Kong e outros direitos garantidos quando a ex-colônia britânica foi devolvida à China em 1997.
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