Departamento de Defesa dos EUA anuncia que agora pode transformar bombardeiros existentes em "algo mais".
Sputnik
Funcionários do Departamento de Defesa dos EUA podem selecionar um bombardeiro que já esteja no inventário da Força Aérea para se tornar seu "avião arsenal" de munições, disse na terça-feira (12) o Dr. Will Roper, secretário assistente da Força Aérea para Aquisição, Tecnologia e Logística.
C-130 Hércules © Sputnik / Sergei Mamontov |
Roper disse aos repórteres em Washington D.C. que o serviço tem uma visão para sua atual frota de bombardeiros, que consiste em transformar a força de bombardeiros B-52 Stratofortress, B-1 Lancer ou B-2 Spirit em "algo mais" no futuro.
Will Roper referiu que, mantendo a tradição de não limitar a Força Aérea a uma só ideia, há "muitos outros sistemas que estão lá fora, até mesmo alguns fora da Força Aérea", que poderiam potencialmente fazer um avião arsenal do futuro.
Alguns especialistas têm sugerido que isso poderia incluir o C-17 Globemaster III ou até os mais antigos aviões de transporte C-130 Hercules.
"Se o avião arsenal se destina a transportar armas ar-terra, então elas poderiam ser lançadas de plataformas pela rampa traseira móvel, o que não exigiria extensas modificações", disse recentemente Todd Harrison, diretor do Projeto de Segurança Aeroespacial do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, citado pelo portal Military.com.
Flexibilidade do B-52
Harrison observou, entretanto, que o B-52 pode ser o melhor para essa tarefa. "Um avião arsenal não precisa necessariamente de ser furtivo ou rápido, mas precisa de ter uma grande capacidade de carga útil", relatou o diretor do projeto.
Hipoteticamente, um B-52 carregado com múltiplas armas hipersônicas pode evoluir de sua função padrão para um "porta-mísseis", afirmou Roper.
O chefe de aquisições disse que o serviço tem trabalhado com o Comando Global de Ataque da Força Aérea (AFGSC) em testes de armas hipersônicas com o B-52. A Força Aérea fez em junho seu primeiro voo de teste da arma de resposta rápida aérea AGM-183A, uma arma hipersônica conhecida como ARRW.
História da reconfiguração de bombardeiros
Não é a primeira vez que o serviço considera a possibilidade de reconfigurar seus bombardeiros, e as empresas estão dispostas a lançar algumas ideias adicionais.
Por exemplo, no ano passado, o serviço publicou um pedido público de informações para identificar empreiteiros que pudessem oferecer ideias sobre a melhor forma de integrar bombas novas e muito mais pesadas sob as asas do B-52. Nesse mesmo ano, a Boeing propôs transformar o B-1B em um avião artilhado. A empresa obteve a patente de um canhão que poderia aumentar a capacidade da aeronave de assumir funções de apoio aéreo de proximidade.
Em setembro de 2019, o general Tim Ray, da AFGSC, anunciou que a Força Aérea provou no mês anterior que pode transformar o B-1 Lancer para conter mais armamento, um passo que pode abrir caminho para futuras cargas úteis de armas hipersônicas para o atual bombardeiro não-nuclear.
Em testes no 419º Esquadrão Aéreo de Testes, na Base Aérea Edwards, Califórnia, as equipes demonstraram como as tripulações poderiam fixar novas armas nos pilones externos do B-1 e reconfigurar seus compartimentos de bombas internos para conter armas mais pesadas.
"A conversa que estamos tendo agora é como pegamos nesse compartimento de bombas [e] colocamos lá quatro, potencialmente oito, grandes armas hipersônicas", disse Ray durante a conferência anual do ar, espaço e ciberespaço (Air Space and Cyber) da Associação da Força Aérea.
Reconfiguração naval
Em 1995, a Marinha dos EUA e a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA) elaboraram pela primeira vez o conceito de arsenal móvel que seria um navio que teria uma tripulação limitada, mas que teria até 500 tubos verticais para lançamento de mísseis a fim de efetuar bombardeios navio-terra.
Em 2016, o então secretário de Defesa, Ash Carter, estreou a ideia de um "avião arsenal" em um esforço para tornar mais aeronaves multifuncionais e relevantes para o combate. A iniciativa esteve sob a alçada do Escritório de Capacidades Estratégicas (SCO).
A então secretária da Força Aérea, Deborah Lee James, nesse mesmo ano, mostrou uma apresentação de como um avião arsenal poderia ser.