O confronto na Universidade Politécnica é o mais longo e violento com a polícia desde o início dos protestos no território semiautônomo.
Por G1
Entre 100 e 200 manifestantes continuam entrincheirados nesta terça-feira (19), pelo terceiro dia, na Universidade Politécnica (PolyU) de Hong Kong.
Manifestantes deixam a Universidade Politécnica de Hong Kong, no dia 19 de novembro de 2019 — Foto: Nicolas Asfouri / AFP |
O confronto na PolyU é o mais longo e violento com a polícia desde o início dos protestos no território semiautônomo. O governo da China tem feito ameaças de intervenção cada vez mais explícitas.
Muitos estudantes continuam no campus, que fica na península de Kowloon. Eles temem a detenção por parte das forças policiais.
Alguns manifestantes conseguiram sair na segunda-feira (18) do campus deslizando com cordas por uma passarela e fugindo em seguida de moto.
O destino dos entrincheirados na PolyU provoca uma comoção no movimento pró-democracia de Hong Kong, ex-colônia britânica que enfrenta a crise política mais grave desde que retornou à soberania chinesa em 1997.
Criar uma distração
Dezenas de milhares de pessoas protestaram na segunda-feira (18) em Kowloon para tentar reduzir a pressão na PolyU e criar outro foco de atenção da polícia, que já anunciou que pode usar munição letal.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, eleita por um comitê favorável a Pequim, afirmou nesta terça-feira (19) que pouco mais de 100 manifestantes permanecem no campus universitário.
Lam falou pela primeira vez sobre a situação e disse que não resta outra escolha aos manifestante que a rendição.
"Este objetivo só pode ser alcançado com a plena cooperação dos manifestantes e sobretudo dos amotinados, que têm que acabar com a violência, entregar as armas e sair pacificamente, escutando as instruções da polícia", advertiu.
Também prometeu que os menores de idade que se entregarem não serão detidos, enquanto os maiores de idade poderão ser condenados a até 10 anos de prisão.
Um estudante de engenharia mecânica disse à AFP que seu receio é que mesmo se ele se entregar, será preso. "Querem dar a impressão de que temos duas opções, mas só existe uma, a prisão", afirmou ele.
Ameaças de Pequim
Há três dias, os manifestantes responderam às tentativas de expulsá-los do campus com bombas incendiárias, e um policial foi ferido em uma perna por uma flecha lançada com um arco de competição.
Os soldados do exército chinês, que têm uma guarnição em Hong Kong desde 1997, saíram do quartel no fim de semana para limpar as barricadas de algumas ruas, uma operação que provoca o temor de uma possível intervenção militar.
O embaixador da China no Reino Unido, Liu Xiaoming, advertiu que Pequim não permanecerá de braços cruzados se a situação no território ficar "incontrolável".
O regime chinês criticou uma decisão da Alta Corte de Hong Kong que considera inconstitucional a proibição de máscaras nos protestos.
"A decisão da Alta Corte de Hong Kong enfraquece gravemente a capacidade de governar por parte dos chefes do Executivo local", disse Zang Tiewei, porta-voz da Comissão de Leis do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP), segundo a imprensa estatal.
Zang considera que apenas a ANP tem o poder de decidir se uma lei está de acordo ou não com a lei fundamental de Hong Kong.
A PolyU fica perto de um dos túneis da ilha de Hong Kong que estão bloqueados há uma semana.
Inícios dos protestos
O movimento de protesto começou em junho com as críticas a um projeto de lei, depois abandonado, que autorizaria extradições à China continental.
Desde então os manifestantes ampliaram as reivindicações para exigir reformas democráticas e uma investigação sobre a violência policial.
Quase 4.500 pessoas foram detidas em cinco meses e meio.
Na semana passada, a crise entrou em uma nova fase, mais radical, com a adoção pelos manifestantes da estratégia batizada de "Blossom Everywhere" (Eclosão em todos os lugares), que consiste em multiplicar as ações em vários pontos ao mesmo tempo para testar a capacidade da polícia.
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