Comentando a crescente cooperação entre Iraque e China, Daniel J. Samet, especialista em Oriente Médio, escreveu um artigo para The Diplomat sobre as razões da presença dos EUA no Iraque.
Sputnik
Há décadas que as relações entre Washington e Teerã são ricas em suspeitas, tensões e acusações. Tendo isto como fundo, os EUA têm justificado sua presença militar em países do Oriente Médio, como na Arábia Saudita.
Adel Abdul Mahdi e Xi Jinping © AP Photo / Lintao Zhang |
Além disso, apesar da insatisfação de Bagdá, o governo americano mantém tropas no Iraque alegando o combate a grupos terroristas.
Em artigo próprio escrito no portal The Diplomat, Daniel J. Samet analisa o que seria, segundo sua visão, a verdadeira razão de os EUA não se retirarem do Iraque, mesmo com a derrubada da família Hussein e o notável enfraquecimento do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países).
"Enquanto os EUA põem em foco as ambições iranianas, uma potência muito mais formidável entrou em cena. Em setembro, o premiê iraquiano, Adel Abdul Mahdi, disse que seu país estava se inserindo no projeto Nova Rota da Seda da China", escreveu Samet.
Desde então, segundo o especialista, as relações bilaterais entre o Iraque e a China têm experimentando um aprofundamento, processo que tem sido marcado há tempo com o Iraque se tornando o terceiro maior fornecedor de petróleo à China e um grande comprador de produtos de defesa do gigante asiático.
Nova Rota da Seda
As boas relações são fundamentais para o estabelecimento da Nova Rota da Seda, os corredores econômicos que ligam a China e seus parceiros.
Ainda segundo o especialista, as relações se tornaram tão próximas que após a China ser acusada de reprimir violentamente sua minoria muçulmana uigur, o Iraque não fez nenhuma nota de protesto, diferentemente de países do Ocidente.
"Para apaziguar o violador de direitos humanos em série, o Iraque foi um dos 50 países que elogiaram as políticas chinesas em Xinjiang [cidade uigur] após uma carta do Conselho de Direitos Humanos da ONU criticar a China pelo seu tratamento da minoria muçulmana uigur", disse o especialista.
Desta forma, apesar da presença americana no Iraque não ter resolvido os problemas de segurança do país e Washington continuar uma guerra contra o terrorismo que parece não ter fim, a crescente influência da China no Iraque seria o suficiente para Washington se manter no país árabe, segundo Daniel Samet.
"Os americanos devem estar bem cansados dos anos seguidos de cobertura alarmista sobre Saddam Hussein, a violência sectária e o Daesh. No entanto, agora não é hora de sair do país ou da região por esta razão. Onde os EUA pensam recuar, Xi [líder da China] e seu regime estão prontos para preencher o espaço vazio", escreveu Samet.
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