Enquanto a Turquia anunciou uma interrupção de 120 horas na sua operação Fonte de Paz, o cientista político Oytun Orhan comentou o processo de negociação entre os EUA e a Turquia em entrevista à Sputnik Mundo.
Sputnik
Após encontro entre o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, Ancara anunciou um intervalo em suas ações militares em solo sírio.
© REUTERS / Kadir Celikcan |
De acordo com o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, a pausa difere de um cessar-fogo.
"Isto não é um cessar-fogo", publicou a fala de Cavusoglu o China Daily.
Explicando a diferença de termos, Cavusoglu ressaltou que um cessar-fogo só pode ser negociado entre duas partes legítimas. Além disso, ele reafirmou o compromisso da Turquia em afastar forças curdas de uma zona de 32 km de profundidade no território da Síria a partir da fronteira com a Turquia.
Comentando as negociações entre os EUA e a Turquia sobre a situação na Síria, Oytun Orhan, cientista político do Centro de Investigações Estratégicas do Oriente Médio (ORSAM), em Ancara, disse em entrevista à Sputnik Mundo que a falta de compromisso de Washington em tornar a fronteira entre a Turquia e Síria mais segura resultou na operação turca.
"As tentativas de Washington em atrasar a criação de uma zona de segurança fizeram com que a Turquia se atrevesse a realizar um passo decisivo, lançando a operação Fonte de Paz", afirmou Orhan.
Ainda de acordo com o especialista, a entrega das armas pesadas pelas forças curdas e a retirada da região fronteiriça, algo pedido por Ancara nas negociações, poderia incentivar a Turquia a manter suas tropas na região na fase seguinte.
Quem ganha nas negociações?
Para o cientista político, esse cenário mostraria a derrota dos EUA no campo estratégico sírio, assim como de seus aliados, os curdos. Por outro lado, Rússia, Síria e Turquia sairiam ganhando, já que os EUA decidiram retirar as suas tropas.
Além disso, com esta pausa, fruto das negociações com os EUA, as forças curdas podem recuar, dando plena vantagem à Turquia.
"É claro que neste caso Ancara alcança seus objetivos sem usar métodos militares e escapando do risco de ser afetada pelas sanções norte-americanas", afirmou o especialista.
Desta forma, a operação turca, muito criticada por outros atores no conflito sírio, resultaria em vantagens para a Turquia, tanto com a retirada dos americanos do norte da Síria como com a interrupção da operação, que poderá resultar em um enfraquecimento dos curdos.
Mesmo assim ainda ficam perguntas sem resposta como:
- Poderão os EUA persuadir os curdos a se retirarem da zona de segurança?
- A zona de segurança da Turquia será alargada ou ficará restrita às cidades de Ras al-Ain e Tel Abyad?
- Os americanos terão êxito em convencer os curdos de se livrarem de suas armas pesadas?
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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