A mais recente traição dos Estados Unidos a seus aliados curdos na Síria os forçará a buscar paz e cooperação com o governo de Damasco do presidente Bashar Assad, disse à Sputnik o ex-embaixador do Reino Unido na Síria, Peter Ford.
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"Somente quando os curdos perceberem que estão em uma segunda traição é que eles voltarão a si e processarão por reconciliação com Damasco", afirmou Ford.
"Somente quando os curdos perceberem que estão em uma segunda traição é que eles voltarão a si e processarão por reconciliação com Damasco", afirmou Ford.
© REUTERS / Ihlas News Agency |
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou no início desta semana o lançamento da ofensiva, chamada Operação Primavera da Paz, no nordeste da Síria, com o objetivo de criar uma zona segura após a retirada unilateral das tropas americanas na área.
Ford declarou que a resposta turca foi o resultado inevitável de anos de políticas norte-americanas incentivando o separatismo curdo na região.
"Essa situação nunca teria surgido se os Estados Unidos tivessem se retirado da Síria depois que o Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] fosse derrotado. Longe de promover a estabilidade, a presença dos EUA causou instabilidade maciça porque encorajou o separatismo curdo, que acabou assustando os turcos", avaliou.
Ford observou que os avanços militares turcos nos últimos dias foram contratempos significativos para os separatistas curdos, mas que seu significado não deve ser exagerado.
"A perda de grandes cidades do norte causará um duro golpe, mas não fatal, a esse separatismo, pelo menos enquanto a retirada dos EUA for tão pequena [50 soldados em um recuo de 32 km]", pontuou.
No entanto, a longo prazo, uma região que antes estava tranquila, embora instável, veria uma grave escalada em violentos confrontos entre os militares turcos e seus oponentes curdos, alertou Ford.
"Uma fronteira que estava quieta agora se tornará um ponto de fulgor quando os curdos montarem ataques às forças de ocupação turcas por trás da nova linha de costura. Ainda contando com a proteção dos EUA", comentou.
Papel dos EUA
O presidente estadunidense Donald Trump não se moveu de maneira decisiva o suficiente para reduzir a presença militar dos EUA na região, alertou Ford.
"Trump descobrirá que o fio de viagem do qual ele pensava estar desembaraçando os Estados Unidos simplesmente se moveu 32 km ao sul", ponderou ele.
Trump cedeu à pressão para manter a retirada em tão pequena escala, mas as críticas extremas que ele recebeu garantiram que ele ficaria intimidado demais para tentar ações mais ousadas para reduzir a presença dos EUA, disse Ford.
"A virulência da oposição do establishment de Washington contra a redistribuição menor garante que os Estados Unidos continuem agravando seus erros. Trump será muito intimidado para pedir uma retirada total e a nova casa de recuperação será pior do que a antiga situação", explicou.
No entanto, o governo sírio tomaria o cuidado de não se envolver em nenhum conflito com a Turquia, informou a Ford.
"A Síria não será estúpida o suficiente para retaliar militarmente contra a Turquia. O impacto em qualquer eventual resolução do conflito será mínimo. A Síria não fará birra e se afastará apenas porque a realidade está alcançando os curdos intencionais", afirmou Ford.
A Turquia considera os soldados curdos apoiados pelos EUA como uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que considera uma organização terrorista. As campanhas de guerrilha curda na Turquia levaram à morte de pelo menos 52.000 pessoas, entre turcos e curdos, desde 1984.
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