Sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues foi preso em junho com 37 quilos de cocaína. Denúncia pede pagamento de multa superior a R$ 18 milhões.
A promotoria da Espanha pediu oito anos de prisão ao militar brasileiro Manoel Silva Rodrigues, que entrou no país com cocaína em avião presidencial durante viagem de comitiva para o encontro do G-20, ocorrido no Japão em junho.
Sargento da Aeronáutica brasileira Manoel Silva Rodrigues, que foi detido na terça-feira (25) no aeroporto de Sevilha, na Espanha — Foto: Redes sociais/ Reprodução TV Globo |
A denúncia diz que o sargento da Aeronáutica foi flagrado com 37 pacotes retangulares de cocaína, que, juntos, somavam 37 quilos. Inicialmente, a informação era de que os policiais apreenderam 39 quilos da droga.
A prisão ocorreu durante parada no aeroporto de Sevilha em 25 de julho. O militar estava em um dos aviões da comitiva que levava o presidente Jair Bolsonaro à cúpula na cidade japonesa de Osaka. Bolsonaro, no entanto, não estava no avião do militar e, segundo a Aeronáutica, a tripulação ficaria na cidade espanhola para dar apoio ao grupo que viajava com o presidente.
Promotoria da Espanha pede pena de 8 anos ao sargento brasileiro que levou 37 quilos de cocaína — Foto: Arte/G1 |
Além dos oito anos de prisão, a promotoria espanhola pede que Rodrigues pague multa de 4 milhões de euros – mais de R$ 18 milhões. A Aeronáutica do Brasil também instaurou investigação sobre o caso.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia conseguido contato com a defesa de Rodrigues. Ele não é mais representado pelo primeiro advogado que ficou responsável pelo caso.
Prisão na Espanha
De acordo com o inquérito da Aeronáutica obtido pela TV Globo, o sargento somente precisou submeter a bagagem a um raio-x em Sevilha. Na Base Aérea de Brasília, houve apenas pesagem das malas — e Silva Rodrigues sequer passou por esse procedimento.
Na Espanha, o raio-x detectou presença de material orgânico na bagagem do militar. Questionado, o sargento voltou a afirmar que levava queijo a uma prima que morava na Espanha.
Quando as autoridades espanholas detectaram a presença de cocaína, Silva Rodrigues ficou em choque e não disse mais nada no local. Apenas depois, já à Justiça, o militar brasileiro afirmou que não sabia que havia cocaína na bagagem.
A TV Globo apurou que Silva Rodrigues fez ao menos 30 viagens nacionais e internacionais pela Força Aérea Brasileira nos últimos cinco anos e transportou, além de Bolsonaro, os ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff.
Neste ano, o sargento esteve duas vezes na Espanha, em Las Palmas e em Madrid. De acordo com militares que viajaram com eles, não houve nessas ocasiões controle de raio-x no desembarque nos aeroportos espanhóis.
O incidente levou a comitiva que levava Bolsonaro a transferir a escala do avião do presidente, que chegaria depois, de Sevilha a Lisboa.