Ex-assessor do Ministério da Defesa da Rússia contou à Sputnik para que os Estados Unidos irão manter um grupo de operações especiais de 200 efetivos em território sírio. Trump poderia ter cedido a críticos que consideraram a retirada dos EUA “precipitada”.
Sputnik
Nesta segunda-feira (21), a Sputnik recebeu o ex-diretor do Departamento de Cooperação Militar Internacional do Ministério da Defesa da Rússia, Leonid Ivashov. O coronel-general disse que o grupo de 200 elementos de operações especiais norte-americano que deverá permanecer na Síria dificilmente irá realizar operações de combate.
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De acordo com o general, a real função do grupo será garantir a presença militar norte-americana no Oriente Médio e influenciar os principais atores na região.
Mais cedo, o jornal norte-americano The New York Times informou, citando um alto funcionário do governo do país, que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem a intenção de manter um grupo de militares no leste da Síria. O objetivo declarado do grupo seria lutar contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e demais países).
De acordo com a fonte, o presidente norte-americano está estudando a possibilidade de manter o grupo desde a semana passada.
"Com certeza que esse grupo não vai lutar contra os membros do Daesh, mas esse reduzido grupo de americanos irá garantir o efeito de uma presença militar e influenciar os eventos na região", disse o Ivashov.
O general acredita que Trump poderá optar por manter o grupo para aplacar críticas internas de que a retirada das tropas norte-americanas da Síria teria sido "precipitada".
"Trump agiu de maneira bastante lógica, quando a Turquia informou que iria invadir a região, ele retirou suas forças de lá, mas logo a seguir surgiram as críticas de que ele teria traído os curdos e abandonado suas próprias instalações militares. Parece que, aconselhado por militares experientes, ele decidiu deixar 200 elementos de grupos de operações especiais para recolha de inteligência", afirmou Ivashov durante a entrevista.
De acordo com o coronel-general, a presença do grupo norte-americano irá ter um efeito dissuasor sobre a Turquia: "Falando francamente, agora o Exército turco não irá entrar nesta ou naquela região sem o consentimento dos americanos."
Retirada das tropas dos EUA da Síria
No dia 7 de outubro, Donald Trump anunciou que os EUA iriam retirar as suas tropas da região nordeste da Síria. No dia 13, o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, declarou que os EUA retirariam cerca de mil militares adicionais do território sírio.
Desde o dia 9 de outubro a Turquia está realizando a operação militar Fonte de Paz contra as forças curdas em território sírio.
No dia 17, os EUA e a Turquia acordaram um cessar-fogo de 120 horas para que as forças curdas se afastassem 30 km da fronteira sírio-turca. A retirada dos curdos viabilizaria a formação da zona de segurança em território sírio ambicionada por Ancara.
Na sexta-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que retomaria as operações caso os EUA não cumprissem o prometido.