A Marinha do Brasil deve receber nos próximos anos um novo navio de desembarque de tropas construído pela Força Naval peruana. A negociação envolve a troca de dois submarinos brasileiros da classe Tupi que irão para a reserva.
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Nesta semana, na ocasião da visita do vice-presidente Hamilton Mourão ao Peru, representantes dos dois países assinaram uma Declaração de Intenções expressando o intuito de aprofundar a cooperação entre as respectivas Forças Navais.
Garcia D’Ávila (G-29) | Reprodução |
Em entrevista à Sputnik Brasil, o jornalista e consultor na área de Defesa, Pedro Paulo Rezende, conta que a nova embarcação substituirá o navio Garcia D’Ávila (G-29), que já está desativado.
“O Garcia D’Ávila, um navio de desembarque de tanques, já foi desativado e vai ser substituído por esse novo navio, que é mais flexível. Ele tem uma doca interna em que se colocam lanchas de desembarque, ou viaturas ou pessoal, e isso deixa o navio muito mais flexível do que o Garcia D’Ávila era”, ressalta o jornalista, acrescentando que o Garcia D’Ávila deve ser afundado nos próximos dias.
Rezende informa ainda que a chegada da nova embarcação, prevista para ser construída em dois anos, ampliará a composição da frota da Armada brasileira.
“Ele [o navio] amplia a capacidade de projeção anfíbia da Força. Esse navio serve para transportar fuzileiros navais. Hoje, nós temos o Atlântico e o Bahia que já fazem esse papel”, conta.
A Marinha já havia confirmado à Sputnik Brasil na última semana a intenção de realizar a transferência dos submarinos IKL-209, da classe Tupi. Em nota, a Armada afirmou que tinha intenção de avançar nas tratativas sobre o assunto.
"A Marinha do Brasil (MB) esclarece que há intenção em avançar tratativas e estudos sobre a possibilidade de reparos, manutenção e construção de submarinos, bem como a transferência dos submarinos IKL-209 (classe Tupi) para Marinhas que manifestarem interesse, com vistas a manter a capacidade logística da MB", ressaltou a instituição na ocasião.
Pedro Paulo Rezende destaca ainda que uma modernização desses submarinos, hoje avaliados em US$ 80 milhões, seria muito cara para a Marinha do Brasil.
"Os submarinos são muito antigos e precisam de uma renovação cara, e o Brasil prefere investir esse dinheiro no Programa de Construção de Submarinos de tecnologia francesa. Então, nós estamos trocando dois submarinos antigos por um navio novo", explica o jornalista, acrescentando que atualmente os submarinos estão parados em reforma de meia-vida e que o Peru tem capacidade de fazer a reforma desses submarinos.
A cooperação entre Brasil e Peru faz parte do Acordo de Cooperação em Matéria de Defesa firmado entre os dois países em 6 de novembro de 2006, buscando incentivar os programas bilaterais entre as Forças Armadas de ambos os países e manter a confiança mútua.