Em entrevista à Sputnik França, o presidente do Instituto de Perspectivas de Segurança na Europa, Emmanuel Dupuy, comentou a política francesa na Síria.
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Recentemente, o general francês Dominique Trinquand disse em entrevista que as forças francesas correm risco de cerco na Síria. As tropas de Paris teriam ficado em um beco sem saída após a saída de tropas americanas do norte sírio, o avanço das forças de Assad para a fronteira com a Turquia e a presença das forças de Ancara.
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Para melhor compreensão do assunto, a Sputnik França entrevistou o presidente do Instituto de Perspectivas de Segurança na Europa, Emmanuel Dupuy.
Perguntado sobre os reais motivos de Paris manter a presença de Forças Especiais Francesas na Síria, Dupuy deixou claro que a França teria como objetivo central combater o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) e não impedir uma operação turca contra os curdos.
Além disso, Dupuy disse que, com a retirada das forças americanas do norte do país árabe, as posições de outros membros da OTAN ficaram em uma situação difícil.
"Eu tenho certeza que a França irá reposicionar suas tropas na Síria. Eu receio que devido à falta de suporte americano a França, tal como outros países com forças especiais, em particular a Alemanha, será forçada a realocar suas tropas", afirmou Dupuy.
A razão seria evitar um conflito direto com as forças da Turquia, outro país membro da OTAN.
Cooperação com a Rússia
Recentemente, a embaixadora da França em Moscou, Sylvie Bermann, expressou esperança no poder de persuasão da Rússia sobre a Turquia para o fim da operação turca Fonte de Paz.
Segundo Dupuy, isso seria um sinal claro da necessidade de maior cooperação entre os países europeus e a Rússia.
"Eu vejo isso [a aproximação da França com a Rússia] como positivo. Isto confirma a necessidade de maior união de forças com a Rússia na criação de novos esquemas de segurança para a Europa", disse Dupuy.
Desta forma, a inicial resistência dos países europeus em cooperarem com Moscou na solução da guerra civil síria está dando lugar à percepção da importância do papel russo no conflito.
Além disso, a menor participação dos EUA no conflito e as vitórias das forças do presidente sírio, Bashar Assad, têm mudado o eixo de forças que até então eram mais pró-ocidentais.
"Mas agora nós encaramos o fato de que aqueles que nós tivemos que apoiar na luta contra o Daesh não estão pedindo mais a nossa ajuda. Eles sabem que nós não podemos os defender. Eles pedem a ajuda de Bashar Assad, o qual nós inicialmente consideramos uma fonte de desestabilização do país", declarou Dupuy.
'Jogo duplo'
Se por um lado a França não obteve sucesso ao apoiar grupos anti-Assad, por outro ela necessita de maior cooperação com o maior aliado de Assad, a Rússia. Um paradoxo do qual Paris parece não ter saída, segundo o especialista.
Além disso, a incursão turca na Síria demonstraria o "jogo duplo" de Paris no país árabe.
Em março do ano passado, representantes curdos disseram que a França devia enviar tropas para defender o reduto curdo-sírio de Manbij. No entanto, não querendo sacrificar suas relações com Ancara, a França tem limitado sua ajuda aos curdos.
"A França sempre fez um jogo duplo na Síria. Essa é a razão de sua política estar em uma completa contradição com a realidade estratégica agora", declarou Dupuy.
Para o analista, a razão disto seria também a retirada das forças americanas do norte da Síria, o que mudou em muito o equilíbrio de forças no país árabe.
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