Recep Tayyip Erdogan ameaçou "enviar 3,6 milhões de migrantes" à Europa em resposta às críticas a sua operação militar.
As forças turcas intensificaram ataques aéreos e terrestres no nordeste da Síria, nesta quinta-feira (10), no segundo dia da ofensiva militar contra alvos curdos. Mais de 60 mil pessoas deixaram suas casas em menos de um dia.
Fumaça é vista sobre a cidade síria de Ras al-Ain após bombardeio turco nesta quinta-feira (10) — Foto: Murad Sezer/ Reuters |
Regiões próximas à fronteira com a Turquia, especialmente os setores de Tal Abyad e Ras al Ain, foram bombardeadas pela aviação e artilharia turca. De acordo com a BBC, há relatos nesta quinta-feira de sete mortes de civis. O governo turco fala em mais de 100 mortos desde o início da ofensiva.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que acompanha a guerra na Síria, estima que 60 mil pessoas tenham abandonado suas casas em menos de um dia. Um grande número de moradores das áreas de fronteira de Ras al-Ain, Tal Abyad e Derbasiyeh fugiram de suas casas, principalmente para o leste em direção à cidade de Hasakeh.
O governo turco chama a operação de "Fonte de Paz". Segundo o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, os alvos são a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), acusada de ter vínculo com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e o Estado Islâmico. Forças lideradas pela YPG foram aliadas dos Estados Unidos no combate ao grupo terrorista durante a guerra na Síria.
A retirada das tropas americanas de posições importantes, como Ras al Ain e Tal Abyad, e o compromisso de não se envolver no confronto evidenciam uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que abandona os curdos – os principais aliados de Washington na luta contra o grupo extremista. A ofensiva faz crescer o temor de que o Estado Islâmico volte a ganhar força na região.
O objetivo da ação, segundo Erdogan, é estabelecer uma "zona de segurança" no nordeste da Síria. Turquia pretende criar uma "zona livre" na fronteira com a Síria, onde se concentram as forças curdas. O governo de Erdogan alega que a milícia curda YPG, presente nessa região, atua de forma terrorista e está por trás de ataques em território turco ligados ao PKK.
Ameaça de Erdogan
Recep Tayyip Erdogan ameaçou "enviar 3,6 milhões de migrantes" à Europa, em resposta às críticas a sua operação militar.
"União Europeia, volte à razão. Volto a repetir: se vocês tentarem apresentar nossa operação como uma invasão, abriremos as portas e enviaremos a vocês 3,6 milhões de migrantes", disse Erdogan, em um discurso em Ancara.
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