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11 setembro 2019

Marinha do Brasil negocia com peruanos um navio classe ‘Makassar’ em troca de dois IKL-209

A Marinha do Brasil estuda com a Marinha de Guerra do Peru (MGP ) uma cessão mútua de navios: os brasileiros repassariam à Armada do Pacífico os submarinos classe IKL 209/1400 Timbira (S32) e Tapajó (S33), e receberiam, do estaleiro SIMA, sediado no porto de Callao, um navio de projeção anfíbia classe Makassar (fabricado sob licença da Coreia do Sul), adaptado ao serviço de Navio-Escola.


Por Roberto Lopes* | Poder Naval

Esse esquema permitiria às duas Forças solucionar problemas importantes de envelhecimento de meios: o obsoletismo dos submarinos peruanos Islay (S35) e Arica (S36), ambos do tipo IKL-209/1100 – projetados entre o fim da década de 1960 e o início dos anos de 1970 –, e o forte desgaste do navio-escola Brasil (U27) que, mês passado, completou 33 anos de incorporação à Esquadra nacional, e apresenta problemas recorrentes em seu sistema de propulsão.


BAP Pisco, da classe Makassar
BAP Pisco, navio ultipropósito da classe Makassar da Marina de Guerra del Perú

A opção de substituir o Islay e o Arica por dois IKL usados foi levantada ainda em 2017, quando os almirantes peruanos concluíram que a compra de dois Type 214 (solução tida como ideal) estava além das suas possibilidades financeiras.

Visitas 

Recentemente, uma delegação de alto nível da MGP esteve na Base Almirante Castro e Silva, na Ilha de Mocanguê (RJ), sede da Força de Submarinos (ForSub) brasileira.

O evento teve lugar a 16 de maio último. À frente dos visitantes apresentou-se o Diretor Geral de Material, vice-Almirante Ricardo Alfonso Menéndez Calle. A comitiva peruana foi recepcionada pelo diretor do Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro, contra-almirante (EN) Luiz Carlos Delgado, e pelo comandante da ForSub, contra-almirante Alan Guimarães Azevedo.

O grupo visitou as instalações do Centro de Treinamento Tático, e aí acompanhou uma demonstração do Simulador de Periscópio (SimPer) – ferramenta de instrução e adestramento, composta por um equipamento de interface integrada ao novo sistema de combate e controle de tiro de torpedos AN/BYG-501 Mod 1D, que dispara o torpedo Mk.48 Mod 6AT ADCAP (Advanced Capability), dos submarinos das classes Tupi e Tikuna (1400 modificado).

Em junho de 2014, o então Comandante da Força de Submarinos peruana, contra-almirante James Thornberry Schiantarelli, já havia descido ao interior do submarino Tapajó, e ouvido explicações sobre o funcionamento da aparelhagem modelo AN/BYG-501 instalada nos IKL brasileiros.

O sistema, da fabricante americana Lockheed Martin, foi comprado pela MB via FMS (Foreign Military Sales), depois que a Força optou pelos torpedos americanos Mk.48.

Em todas as vezes os almirantes peruanos sempre demonstraram grande interesse pelo sistema da Lockheed Martin.

Também o layout interno do IKL-209 brasileiro, de corredor central, impressiona positivamente os peruanos, que têm nos seus submarinos 1100 um design muito mais acanhado (de projeto dez anos mais antigo), que dificulta a circulação e sacrifica os tripulantes.

Ainda não está certa a forma pela qual se daria a cessão mútua de meios entre Brasil e Peru.

Não se sabe, por exemplo, se alguma das Forças precisará desembolsar quantias significativas de dinheiro. O que é tido como certo: o Comandante da MB, almirante de esquadra Ilques Barbosa, trabalha com a exigência de que eventuais reparos e adaptações ainda necessários ao Timbira e ao Tapajó sejam realizados nas instalações do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.

Aspirantes 

Foi o Poder Naval que, no início do ano, primeiro noticiou o interesse da Marinha peruana nos IKL-209 brasileiros.

De acordo com uma fonte no Ministério da Defesa, em Brasília, que acompanha o assunto, Ilques considera muito importante a substituição do NE Brasil por um navio moderno, que possibilite aos Aspirantes egressos da Escola Naval, um aprendizado mais eclético e atualizado.



O classe Makassar construído no Peru permitiria isso, proporcionando aos jovens oficiais sessões de instrução bem mais realistas, especialmente nos campos da guerra anfíbia e do atendimento hospitalar em situação de combate, por exemplo. Nada disso é possível a bordo do atual navio-escola brasileiro, apto, na maior parte das vezes, a ministrar apenas aulas teóricas.

Desenhado na Coreia do Sul, o Makassar tem tido o seu projeto, originalmente de 8.500 toneladas, adaptado aos requisitos da Força Naval que o adota.

Os Makassar peruanos, de 122 metros de comprimento e 22 metros de boca, apresentam, vazios, um deslocamento de 7.300 toneladas. À plena carga esse número sobe para cerca de 10.900 toneladas.

A reduzida velocidade do navio – de 14 nós em marcha de cruzeiro (e 16 nós de máxima) – não entusiasma. Contudo, devido ao seu baixo custo de produção (no patamar das 50 milhões de dólares), a relação custo/benefício se mostra vantajosa: o navio transporta um batalhão de fuzileiros navais, além de 50 viaturas, entre carros blindados de reconhecimento e utilitários de diferentes portes.

Segundo a fonte do PN, de parte da MB estão envolvidos no assunto da cessão mútua oficiais dos setores de Material e de Gestão de Programas, além de executivos da EMGEPRON (Empresa Gerencial de Projetos Navais), entidade pública que assiste a Marinha em seus programas de reaparelhamento, revitalização e exportação de navios.

*É jornalista graduado em Gestão e Planejamento de Defesa pelo Centro de Estudos de Defesa Hemisférica da Universidade de Defesa Nacional dos EUA. Especialista em diplomacia e assuntos militares da América do Sul. Autor de uma dezena de livros, entre eles “O código das profundezas”, sobre a atuação dos submarinos argentinos na Guerra das Malvinas e “As Garras do Cisne”, sobre os planos de reequipamento da Marinha do Brasil após a descoberta do Pré-Sal.


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