Especialistas explicaram se seria possível a primeira escalada de hostilidades na fronteira entre Israel e Líbano, desde a retirada das forças israelenses do território libanês, resultar em uma grande guerra.
Sputnik
Em entrevista à Sputnik Árabe, o chefe do Centro de Informação Libanês, Salem Zahran, disse que "o Hezbollah tem demonstrado sua capacidade de conduzir operações militares, mesmo depois de várias medidas de segurança do Exército israelense".
© AP Photo / Hussein Malla |
"Israel está perdido. Seu exército não pode localizar o povo do Hezbollah que conduziu a operação", acrescentou o cientista político libanês.
Na opinião do especialista em política regional libanesa, Rafaat al Badawi, o Hezbollah mostrou a Israel que pode conduzir operações militares por causa de sua experiência e habilidades.
Olho por olho, dente por dente
"Há aqui uma mensagem pessoal para Netanyahu de que é necessário aderir às normas internacionais de combate, que estas últimas foram violadas repetidamente", explicou Rafaat.
"Israel não precisa de guerra. Esta é uma questão de simples ataque e de proteção do seu território, nada mais. Olho por olho, dente por dente, uma nova equação da política regional. Onde quer que o ataque seja feito, seja em terra, mar ou ar, haverá uma resposta simétrica", acrescentou o especialista libanês.
Jogo semidiplomático
Para o ex-chefe da agência de inteligência israelense Nativ, Yakov Kedmi, uma escalada da situação e um desencadeamento de hostilidades em grande escala entre o Hezbollah e as Forças Armadas israelenses são pouco prováveis.
"O que está acontecendo hoje é um jogo semidiplomático normal, uma 'troca de cortesias'. Todos tentam provar ao seu povo que ninguém atacará impunemente o seu território. Além disso, temos eleições parlamentares em breve. O incidente na fronteira é o primeiro desde a Guerra do Líbano. Claro que tudo é possível no Oriente Médio. Mas nenhuma das partes está interessada em desencadear uma guerra 'fervente'. É pouco provável que essa 'troca de cortesias' dure mais de três dias", comentou Kedmi.
'Situação está se tornando explosiva'
O chefe do Departamento de Estudo de Israel e Comunidades Judaicas, Dmitry Mariasis, tem opinião contrária.
Mariasis destaca o grande poder do Hezbollah, que acumulou um "grande potencial de mísseis e experiência suficiente em operações de combate”, que conduziu e conduz na Síria.
"Como sabemos, os líderes israelenses afirmaram que qualquer reforço do Irã e dos grupos pró-iranianos, aos quais pertence o Hezbollah, constitui uma ameaça para a segurança do Estado de Israel. E esta é a linha vermelha que Israel não deixará ninguém atravessar. Aparentemente, ambos os lados já estão prontos para lutar. A situação está se tornando explosiva", ressalta.
Além disso, existem várias situações que podem ser interpretadas como uma razão para iniciar hostilidades em grande escala, como os ataques de mísseis do Líbano contra Israel, diz o especialista.
"Penso que vários atores externos, como os EUA, a Rússia e o Conselho de Segurança da ONU, terão de intervir de alguma forma e a nível político para influenciar a situação", conclui Mariasis.
Escalada de tensões
No dia 1º de setembro, o movimento libanês do Hezbollah disparou diversos mísseis antitanque contra instalações no norte de Israel, destruindo veículos blindados israelenses na área fronteiriça.
Em resposta, a artilharia israelense disparou durante quase duas horas mais de 40 mísseis contra assentamentos que ficam no sul do Líbano.
Beirute tem se oposto durante meses às operações israelenses contra Hezbollah em seu espaço aéreo, insistindo que elas violam a soberania do país e a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que tem como finalidade resolver o conflito Israel-Líbano de 2006.
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