Em sessão da Comissão de Relações Extreriores e Defesa Nacional (CREDN), da Câmara Federal, a FAB apresentou a situação dramática de vários Projetos Estratégicos
Luiz Cláudio Canuto | Agência Câmara e DefesaNet
A falta de recursos orçamentários pode comprometer projetos da Aeronáutica. Brigadeiros da Força Aérea Brasileira (FAB) apresentaram na quarta-feira (18SET2019), em audiência promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN), os projetos estratégicos da força e falaram sobre as restrições orçamentárias que podem prejudicar a compra de equipamentos.
Histórica apresentação na Comissão de Relações Extreriores e Defesa Nacional (CREDN), da Câmara Federal, a FAB apresentou a situação dramática de vários Projetos Estratégicos |
Entre os 18 projetos listados pela FAB, os principais são o F-X2 e o KC-390. O Programa F-X2 foi criado em 2006, para reequipar e modernizar a frota de aviões militares supersônicos. Segundo o presidente da Comissão Coordenadora do Projeto Aeronave de Combate (COPAC), Brigadeiro-do-Ar Valter Borges Malta, o programa ppode ter de ser renegociado.
"A primeira aeronave já na versão brasileira já voou na Suécia. Foi apresentada na semana passada para o início da campanha de ensaios em voo. Mas a entrega começa na (Base Aérea) na cidade de Anápolis (Goiás), a partir do ano de 2021", disse.
Aviões Gripen
Para anos seguintes o cronograma de entregas está comprometido. Estava prevista a entrega de 11 aviões Gripen para 2021, mas devem ser entregues apenas 4. Com as restrições orçamentárias, a finalização das entregas deve ocorrer em 2026, dois anos após a previsão inicial. Ou até mais tarde.
O chefe do Estado Maior da Aeronáutica (EMAER), Tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, explicou as consequências disso.
"As restrições orçamentárias impactam nos projetos porque você tem que repactuar, isso causa custos maiores, você sai das condições econômicas que foram pactuadas no início do contrato, atraso nas entregas, a depender da gravidade, consequências nas empresas, em termos de redimensionamento do pessoal. O programa do Grippen, se os recursos vierem abaixo do previsto, existe uma perspectiva de o cronograma ser alterado. Eu não posso dizer que será alterado porque eu tenho que aguardar a realidade orçamentária", afirmou.
Para o programa F-X2, a necessidade orçamentária para o ano que vem é de R$ 1,5 bilhão, mas o projeto de lei do Orçamento prevê pouco mais de R$ 643 milhões.
Cargueiro
Outro programa, o cargueiro KC-390, está atrasado três anos. O projeto é o de um avião da Embraer usado para transporte logístico e reabastecimento em voo. O avião, que será o maior da América Latina, cria um padrão novo para o transporte militar, vai substituir o C-130 Hércules e tem a intenção de se tornar um padrão a ponto de substituir a frota de cargueiros militares de outras forças aéreas.
De acordo com o plano original, quatro aviões já deveriam ter sido entregues desde 2016, mas os dois primeiros aviões estão previstos para este ano. Um já foi entregue. O programa, que previa a finalização da entrega de 28 aviões até 2024, também vai atrasar no mínimo dois anos. A necessidade orçamentária para o KC-390 é de R$ 1 bilhão. Menos da metade está previsto no projeto do Orçamento.
O deputado Aluisio Mendes (PSC-MA) disse que vai apresentar emendas que garantam o mínimo de recursos necessários para que os projetos avancem.
"Nós sabemos que existem projetos que exigem um fluxo constante de aportes de recursos porque a descontinuidade desses recursos faz com que o projeto deixe de existir. Nós sabemos que o Brasil passa por uma questão fiscal muito séria. A minha intenção, como subrelator, tenho a intenção de prover o mínimo de recursos necessários para que o projeto tenha continuidade até que o Brasil tenha o aporte necessário para o aporte desses projetos", afirmou.
Entre outros projetos da Aeronáutica está o H-XBR, que prevê transferência de tecnologia. Pouco menos de um sexto do que é necessário para o ano que vem está previsto na proposta de Orçamento. Nenhum recurso está previsto para o projeto do satélite Carponis I, que capta imagens com detalhes de até 70 centímetros, e que precisaria de R$ 100 milhões no orçamento para 2020.