A promessa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de anexar a parcela oriental da Cisjordânia, conhecida como Vale do Jordão, pode pôr fim à busca pela paz na região.
Jenipher Camino González | Deutsch Welle
A promessa eleitoral do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de anexar o Vale do Jordão na Cisjordânia foi recebida com forte condenação pela comunidade internacional, com a ONU e a União Europeia (UE) dizendo que isso seria ilegal à luz do direito internacional.
A Cisjordânia e os assentamentos israelenses instalados há décadas nesta área estão no cerne do conflito palestino-israelense.
Anexar mesmo uma parcela desse território teria consequências de longo alcance para os residentes da região e para o processo de paz como um todo.
Uma análise da natureza complexa da Cisjordânia e do Vale do Jordão ajuda a explicar por que a promessa de anexação de Netanyahu é tão controversa.
Origens da Cisjordânia
Quando o Plano de Partilha da Palestina, elaborado pela ONU em 1947, recomendou que a área fosse dividida entre um Estado árabe e um judeu, a região atualmente conhecida como Cisjordânia recaiu sob o território árabe-palestino proposto.
Após a declaração da ONU e o estabelecimento do Estado de Israel, eclodiram combates e guerras civis entre israelenses e palestinos apoiados pelos Estados árabes vizinhos, em torno do controle do território.
Como os esforços palestinos não tiveram êxito, as esperanças da formação de um Estado próprio esvaneceram-se e o futuro da região permaneceu incerto.
Os países vizinhos mantiveram suas próprias reivindicações sobre seus territórios na divisa com Israel e, como tal, o armistício jordaniano-israelense de 1949 estabeleceu as fronteiras do que hoje é conhecido como Cisjordânia.
Em 1950, o território foi formalmente anexado pela Jordânia e dividido pelo rio Jordão, com a população jordaniana em sua margem leste e a população palestina a oeste.
Ocupação israelense
No entanto, após a Guerra dos Seis Dias de 1967, a terceira e última guerra no conflito árabe-israelense, Israel ocupou a Cisjordânia, junto à Faixa de Gaza e as Colinas de Golã.
A ocupação israelense da Cisjordânia e suas reivindicações sobre os outros territórios nunca foram reconhecidas pela comunidade internacional.
Mesmo assim, a construção de assentamentos israelenses no território ocupado teve início entre as décadas de 1970 e 1980. Isso também foi considerado ilegal pela ONU e contestado pelos palestinos.
Poucos assentamentos foram levantados inicialmente, mas, no início dos anos 2000, eles já eram mais de 100 e estavam espalhados por toda a Cisjordânia.
A política de assentamentos, apoiando-os ou demolindo-os, tem sido o cerne da política interna israelense e um ponto sensível nas negociações de paz lideradas globalmente.
O que é o Vale do Jordão?
Em seu anúncio de anexação nesta semana, Netanyahu exibiu um mapa da área que se estende ao longo do rio Jordão e a linha do Armistício de 1949 com a vizinha Jordânia.
É nesta faixa da Cisjordânia que Netanyahu disse que poderia "aplicar imediatamente a soberania israelense".
Essa área responde por um terço da Cisjordânia e hospeda 9 mil dos 400 mil israelenses que vivem nos territórios ocupados.
O vale do Jordão compreende 60% da área totalmente controlada por Israel na Cisjordânia e é considerado estrategicamente importante, pois abriga muitos interesses comerciais de Israel.
O grupo israelense de direitos humanos B'Tselem informou que cerca de 65 mil palestinos vivem atualmente nessa região.
A decisão de Netanyahu de anexar o Vale do Jordão é vista como o último e desesperado esforço para aumentar sua popularidade antes das eleições parlamentares da próxima semana, depois que ele não conseguiu formar uma coalizão de governo em meados deste ano, já que seu partido obteve uma vitória apertada na votação anterior.
Mas Netanyahu sempre se inclinou para a direita no tocante à política de assentamentos. Em março de 2017, seu gabinete de segurança aprovou a construção do primeiro novo assentamento em duas décadas na Cisjordânia.
Ele também foi encorajado pelo apoio do presidente Donald Trump, que saudou a anexação das Colinas de Golã pelo primeiro-ministro israelense. Sob esse prisma, o Vale do Jordão pode ser visto como a continuação das políticas de Netanyahu.
Consequências da anexação
Embora Israel já detenha o controle total da área, uma anexação formal de uma parcela tão grande da Cisjordânia enviaria um forte sinal quanto à soberania israelense sobre os territórios palestinos.
A medida vai recompensar e empoderar políticos de orientação de direita em Israel, que veem o Vale do Jordão como a fronteira leste do país e se opõem firmemente a uma solução de dois Estados.
Isso também seria um presente para os colonos israelenses, pois a anexação poderia legitimar ainda mais o desenvolvimento na região e tem o potencial de fazer com que os assentamentos aumentem.
A situação dos palestinos que vivem no Vale do Jordão também estaria incerta, pois não está claro nos planos de Netanyahu se eles seriam considerados cidadãos israelenses ou residentes com menos direitos.
Enfim, os críticos veem a anexação de qualquer parte do território da Cisjordânia como uma ameaça para alcançar uma paz sustentável e que bloqueia a busca global para pôr fim ao conflito palestino-israelense.
Anexar mesmo uma parcela desse território teria consequências de longo alcance para os residentes da região e para o processo de paz como um todo.
Uma análise da natureza complexa da Cisjordânia e do Vale do Jordão ajuda a explicar por que a promessa de anexação de Netanyahu é tão controversa.
Origens da Cisjordânia
Quando o Plano de Partilha da Palestina, elaborado pela ONU em 1947, recomendou que a área fosse dividida entre um Estado árabe e um judeu, a região atualmente conhecida como Cisjordânia recaiu sob o território árabe-palestino proposto.
Após a declaração da ONU e o estabelecimento do Estado de Israel, eclodiram combates e guerras civis entre israelenses e palestinos apoiados pelos Estados árabes vizinhos, em torno do controle do território.
Como os esforços palestinos não tiveram êxito, as esperanças da formação de um Estado próprio esvaneceram-se e o futuro da região permaneceu incerto.
Os países vizinhos mantiveram suas próprias reivindicações sobre seus territórios na divisa com Israel e, como tal, o armistício jordaniano-israelense de 1949 estabeleceu as fronteiras do que hoje é conhecido como Cisjordânia.
Em 1950, o território foi formalmente anexado pela Jordânia e dividido pelo rio Jordão, com a população jordaniana em sua margem leste e a população palestina a oeste.
Ocupação israelense
No entanto, após a Guerra dos Seis Dias de 1967, a terceira e última guerra no conflito árabe-israelense, Israel ocupou a Cisjordânia, junto à Faixa de Gaza e as Colinas de Golã.
A ocupação israelense da Cisjordânia e suas reivindicações sobre os outros territórios nunca foram reconhecidas pela comunidade internacional.
Mesmo assim, a construção de assentamentos israelenses no território ocupado teve início entre as décadas de 1970 e 1980. Isso também foi considerado ilegal pela ONU e contestado pelos palestinos.
Poucos assentamentos foram levantados inicialmente, mas, no início dos anos 2000, eles já eram mais de 100 e estavam espalhados por toda a Cisjordânia.
A política de assentamentos, apoiando-os ou demolindo-os, tem sido o cerne da política interna israelense e um ponto sensível nas negociações de paz lideradas globalmente.
O que é o Vale do Jordão?
Em seu anúncio de anexação nesta semana, Netanyahu exibiu um mapa da área que se estende ao longo do rio Jordão e a linha do Armistício de 1949 com a vizinha Jordânia.
É nesta faixa da Cisjordânia que Netanyahu disse que poderia "aplicar imediatamente a soberania israelense".
Essa área responde por um terço da Cisjordânia e hospeda 9 mil dos 400 mil israelenses que vivem nos territórios ocupados.
O vale do Jordão compreende 60% da área totalmente controlada por Israel na Cisjordânia e é considerado estrategicamente importante, pois abriga muitos interesses comerciais de Israel.
O grupo israelense de direitos humanos B'Tselem informou que cerca de 65 mil palestinos vivem atualmente nessa região.
A decisão de Netanyahu de anexar o Vale do Jordão é vista como o último e desesperado esforço para aumentar sua popularidade antes das eleições parlamentares da próxima semana, depois que ele não conseguiu formar uma coalizão de governo em meados deste ano, já que seu partido obteve uma vitória apertada na votação anterior.
Mas Netanyahu sempre se inclinou para a direita no tocante à política de assentamentos. Em março de 2017, seu gabinete de segurança aprovou a construção do primeiro novo assentamento em duas décadas na Cisjordânia.
Ele também foi encorajado pelo apoio do presidente Donald Trump, que saudou a anexação das Colinas de Golã pelo primeiro-ministro israelense. Sob esse prisma, o Vale do Jordão pode ser visto como a continuação das políticas de Netanyahu.
Consequências da anexação
Embora Israel já detenha o controle total da área, uma anexação formal de uma parcela tão grande da Cisjordânia enviaria um forte sinal quanto à soberania israelense sobre os territórios palestinos.
A medida vai recompensar e empoderar políticos de orientação de direita em Israel, que veem o Vale do Jordão como a fronteira leste do país e se opõem firmemente a uma solução de dois Estados.
Isso também seria um presente para os colonos israelenses, pois a anexação poderia legitimar ainda mais o desenvolvimento na região e tem o potencial de fazer com que os assentamentos aumentem.
A situação dos palestinos que vivem no Vale do Jordão também estaria incerta, pois não está claro nos planos de Netanyahu se eles seriam considerados cidadãos israelenses ou residentes com menos direitos.
Enfim, os críticos veem a anexação de qualquer parte do território da Cisjordânia como uma ameaça para alcançar uma paz sustentável e que bloqueia a busca global para pôr fim ao conflito palestino-israelense.
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