SpaceCom terá função de assegurar a defesa dos EUA a partir do espaço, contrapondo-se às ameaças da China e Rússia, que, segundo o Pentágono, já investem na guerra espacial.
Deutsch Welle
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta quinta-feira (30/08) o novo Comando Espacial dos Estados Unidos, estabelecido pelo Pentágono para manter o domínio americano na última e definitiva fronteira militar. O SpaceCom cria no espaço um novo palco de combates, principalmente com a utilização de satélites e aeronaves de grande altitude.
Donald Trump no lançamento do Comando Espacial dos EUA |
"Este é um dia marcante, em que reconhecemos a centralidade do espaço na defesa e segurança da América", disse Trump em cerimônia na Casa Branca. O novo comando deverá "assegurar que a superioridade no espaço jamais seja questionada ou ameaçada".
"Os perigos para o nosso país evoluem constantemente, e nós também devemos evoluir", disse Trump. "Nossos adversários já armam a órbita terrestre com novas tecnologias que visam satélites americanos fundamentais tanto nas operações nos campos de batalha quanto em nosso modo de vida em casa."
"Nossa liberdade de operar no espaço é também essencial para detectar e destruir qualquer míssil lançado contra os EUA", acrescentou. A Força Aérea americana já realiza operações balísticas no espaço, que serão agora reforçadas pelo SpaceCom. O novo órgão de defesa promoverá sistemas especializados e treinamentos para futuros combates no espaço.
Chefes das Forças Armadas do país alertam que China e a Rússia representam ameaças crescentes ao domínio americano no espaço. O general da Força Aérea John Raymond, que vai coordenar o novo comando, disse antes da cerimônia na Casa Branca que as duas nações rivais já destinam grandes somas para suas operações espaciais, as quais, em caso de conflito, seriam capazes de comprometer a superioridade americana.
As agressões variam de interferências nas comunicações e em satélites de GPS até ataques de mísseis lançados a partir do solo para destruir satélites, como demonstrou a China em 2007.
"Estamos num ponto de inflexão estratégico em que não há nada que façamos como força conjunta de coalizão que não seja viabilizado a partir do espaço", disse Raymond. "Estou convencido de que o espaço é um domínio de combates de guerra. Estou convencido de que nosso modo de vida e nosso modo de guerrear dependem das capacidades espaciais."
Na verdade, Trump possuía ambições maiores em termos de guerra espacial. Em junho de 2018 ele ordenou a criação da Força Espacial (Space Force), que se tornaria um braço das Forças Armadas, assim como o Exército, Marinha, Guarda Costeira, os Marines e a Força Aérea.
Essa medida, muito mais complexa e custosa, necessitaria de aprovação no Congresso. Muitos no Pentágono se opõem à ideia, da qual Trump ainda não desistiu. "O Comando Espacial será seguido do estabelecimento da Força Espacial dos EUA como a sexta ramificação das Forças Armadas", afirmou. "A Força Espacial vai organizar, treinar e equipar guerreiros para dar apoio à missão do SpaceCom."
O SpaceCom é o 11º comando estabelecido pelo Pentágono em dois anos. Em 2018, o governo lançou o CyberCom, para reconhecer as ameaças de ataques online e a necessidade de defesa nessa área.