Líderes admitem que encontros entre altos funcionários dos dois governos vêm ocorrendo há meses, sem incluir a oposição liderada por Juan Guaidó. Alvo de sanções americanas, chavista se diz disposto a dialogar.
Deutsch Welle
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, admitiu nesta terça-feira (20/08) a existência de contatos entre membros de seu governo e altos funcionários de Washington, corroborando declarações dadas antes por seu homólogo americano, Donald Trump.
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou contatos entre representantes de seu país e dos EUA |
O presidente dos EUA havia dito a repórteres nesta terça que seu governo mantém contato com "vários representantes da Venezuela", mas se recusou a confirmar se a Casa Branca estaria conversando com Diosdado Cabello, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, considerado o segundo político mais poderoso do país depois de Maduro.
Trump se negou a citar nomes, mas disse que as conversações ocorrem "em nível muito alto". Oficialmente, os EUA não reconhecem o governo de Maduro, alvo de pesadas sanções econômicas impostas por Washington, e apoiam o autoproclamado presidente interino e líder da oposição, Juan Guaidó.
"Confirmo que há meses existem contatos de altos funcionários do governo dos EUA, de Donald Trump, e do governo bolivariano que presido, sob minha autorização expressa, direta, vários contatos, vários meios, para tentar regular esse conflito", disse Maduro em discurso em rede nacional.
"Isso não é novo, há meses mantemos contatos", disse o venezuelano, que afirma buscar "uma forma para que o presidente Donald Trump escute a Venezuela de verdade".
Maduro acusou funcionários da Casa Branca de transmitirem uma imagem distorcida de seu país ao presidente americano. "A ele, vendem uma Venezuela de mentira, e com base nisso conspiram, ameaçam, agridem, sancionam", afirmou, para justificar os contatos até então secretos entre os dois governos.
"Se um dia o presidente Trump quiser conversar seriamente e traçar um plano para regularizar e resolver esse conflito, estaremos sempre preparados para dialogar", disse o líder venezuelano.
Os dois chefes de Estado, porém, não mencionaram Guaidó, cujo governo interino é reconhecido por mais de 50 países. Maduro rompeu relações com o EUA após o país reconhecerem o oposicionista como presidente interino, no fim de janeiro.
Guaidó, por sua vez, disse que seus representantes também mantêm encontros com autoridades americanas nos EUA. "Houve várias reuniões [...] com nossos embaixadores e com algumas instâncias do governo", afirmou.
Representantes de Guaidó e Maduro vinham mantendo diálogos mediados pela Noruega desde maio, mas o governo venezuelano suspendeu as conversações no dia 7 de agosto, em protesto à imposição de novas sanções americanas.
As medidas mais recentes adotadas por Washington, anunciadas no dia 5 de agosto, incluem um bloqueio de todos os ativos venezuelanos nos EUA e estabelece sanções para qualquer empresa que realize negócios com o governo de Maduro. A isso se soma um embargo ao comercio de petróleo venezuelano, vigente desde abril.