EUA têm desenvolvido um novo míssil de cruzeiro com uma carga útil não nuclear que opera em alcances anteriormente proibidos pelo Tratado INF, e pretendem testá-lo nas próximas semanas, revelou à emissora CNN um oficial sênior da Defesa.
Sputnik
Acusações de descumprimento do Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) são trocadas há um tempo pelos EUA e Rússia. De um lado, Washington afirma que a Rússia desenvolveu mísseis proibidos. Do outro, Moscou aponta a instalação de lançadores de mísseis de cruzeiro Tomahawk pelos EUA na Romênia e Polônia.
BGM-109G Gryphon | CC0 |
De acordo com a fonte, um novo míssil vai ser a "resposta da administração Trump aos longos anos" de descumprimento russo do Tratado INF e é esperado que a arma ajude Washington a conter Moscou na Europa.
O míssil será usado com um sistema de lançamento móvel, que está em fase inicial de desenvolvimento, de acordo com o oficial, que preferiu manter anonimato. A fonte observou, no entanto, que até agora não houve programas formais para o desenvolvimento do novo armamento, uma vez que o INF ainda estava em vigor.
Saída oficial
A possibilidade de elaboração de armas que descumpram o tratado agora está aberta, visto que nesta sexta-feira (2) os EUA anunciaram a sua saída oficial do INF, mas o programa dependerá dos resultados dos próximos testes. O destino do míssil também depende de financiamento, que ainda não está garantido, por enfrentar discordâncias de democratas no Congresso.
Embora os EUA vejam o novo míssil de cruzeiro como um meio de combater a Rússia na Europa, eles ainda não chegaram a discutir implantação do mesmo com governos europeus, afirmou a fonte.
Segundo o oficial anônimo, Washington quer instalar a nova arma em locais a partir dos quais poderia superar os sistemas russos de defesa antiaérea e atingir "os portos, bases militares ou infraestruturas críticas do país".
No entanto, até agora nenhum país europeu se mostrou disposto a acolher os mísseis, embora os EUA tenham anunciado anteriormente tais planos. Contudo, tanto os EUA como a OTAN declararam que se absteriam de destacar mísseis nucleares na Europa. Moscou advertiu inúmeras vezes que eventual instalação de mísseis faria com que os territórios recebedores dos mísseis entrassem na mira da Rússia.
Novos mísseis na Europa
Os planos de implantar novos mísseis dos EUA na Europa foram anunciados por Washington à luz de um aviso de fevereiro de 2019 de que o país se retiraria do Tratado INF, que limitava o desenvolvimento e a produção de mísseis terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros. Washington justificou a decisão, que entrou em vigor hoje, 2 de agosto, alegando que a Rússia violou o acordo ao desenvolver o míssil 9M729.
Moscou negou repetidamente as acusações, e forneceu aos EUA e a outros países informações comprovadoras do não descumprimento do tratado, mas Washington fechou os olhos e insistiu na destruição do míssil, o que ocasionou resposta recíproca de Moscou quanto à suspensão das obrigações do tratado em julho de 2019, culpando Washington pela destruição do tratado vital de controle de armas.