Um blecaute nas telecomunicações da Caxemira entrou no segundo dia nesta terça-feira, depois que a Índia interrompeu os sinais de televisão, telefone e internet para conter protestos após descartar o status constitucional especial região.
Por Fayaz Bukhari e Devjyot Ghoshal | Reuters
SRINAGAR, Índia - Na tentativa de apertar o cerco à única região de maioria muçulmana do país, o governo descartou uma cláusula constitucional que permite que o Estado de Jammu e Caxemira, que há tempos causa atritos nos laços com o vizinho Paquistão, formule suas próprias leis.
Rua deserta de Srinagar 05/08/2019 REUTERS/Devjyot Ghoshal |
“Estamos nos virando por ora”, disse uma autoridade graduada de um hospital de Srinagar, a maior cidade da região, que está entre as instalações médicas afetadas pela limitação nas comunicações.
Os funcionários estão fazendo hora-extra no hospital de 500 leitos Lal Ded, e ambulâncias foram enviadas para buscar médicos e enfermeiras, acrescentou a autoridade, que pediu anonimato por não ter autorização para falar com a mídia.
Horas antes do anúncio de segunda-feira, autoridades da Caxemira, que também é reivindicada pelo Paquistão, impuseram um blecaute inédito nas comunicações da região e prenderam seus líderes, incluindo dois ex-ministros de Estado.
Embora os líderes tenham alertado que a mudança, que permite que pessoas que não moram na região comprem propriedades, provocaria distúrbios, o blecaute e a forte mobilização de tropas, incluindo dezenas de milhares de soldados adicionais, ajudaram a refrear a agitação.
Uma reação negativa à decisão de Nova Déli é iminente, já que muitos da região disseram que esta viola a confiança, alertou Shah Faesal, líder do partido político Movimento Popular de Jammu e Caxemira.
“Podemos ver uma erupção quando a guarda estiver baixa”, disse ele à Reuters. “As pessoas estão vendo-a como um ato de humilhação”.
A decisão de revogar o status especial da Caxemira foi elogiada por muitos políticos indianos, inclusive alguns opositores do partido governista Bharatiya Janata (BJP) do primeiro-ministro, Narendra Modi.
Muitos na Índia a veem como um medida ousada para encerrar uma revolta armada de três décadas no território, aproximando-o do restante da nação.
A mídia classificou a manobra como histórica nesta terça-feira, mas crescem as críticas à maneira como Modi tomou a decisão em meio a uma operação de repressão e sem grandes consultas políticas.
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