Ancara concretiza aquisição de armamentos que Washington diz ser incompatível com sistemas da Otan. Caso poderá gerar pesadas sanções, apesar das garantias dadas pelo governo turco.
Deutsch Welle
A Rússia iniciou a entrega dos sistemas avançado de mísseis S-400 para a Turquia nesta sexta-feira (12/07), após a Ancara confirmar a aquisição dos equipamentos em junho. A medida aumenta a perspectiva de possíveis sanções dos Estados Unidos contra um país aliado na Otan, e criam nova fissura na aliança militar dos países do Ocidente.
Sistema russo de mísseis S-400 é desembarcado na Turquia |
O Ministério turco da Defesa confirmou que a primeira remessa dos sistemas de defesa terra-ar S-400 chegou à base aérea próxima a Ancara, o que selaria o acordo entre o país e a Rússia que os americanos tentaram evitar durante meses.
"A entrega dos componentes do sistema continuará nos próximos dias", informou o Diretório da Indústria da Defesa da Turquia. "Uma vez que o sistema esteja completamente pronto, passará a ser utilizado de um modo determinado pelas autoridades competentes."
Washington afirma que o equipamento militar russo não é compatível com os sistemas utilizados pela Otan, e que a aquisição poderá resultar na expulsão da Turquia do programa de desenvolvimento dos caças F-35, do qual o país faz parte.
O Serviço Federal russo para a Cooperação Militar-Técnica confirmou o envio nesta sexta-feira, confirmando que as entregas continuarão conforme o programado, segundo informou a agência de notícias RIA.
A Turquia afirma que o sistema de mísseis será integrado a uma estratégia de defesa, em especial, na fronteira sul do país com o Iraque e a Síria. O país alega que, na época em que fechou o acordo com os russos, nem os EUA nem a Europa apresentaram alternativas viáveis.
Após se reunir com seu homólogo americano, Donald Trump, durante a cúpula do G20, em junho, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que Washington não planejava impor sanções ao país em razão da compra dos armamentos. Porém autoridades dos EUA rebatem que o governo ainda cogita punir a Turquia.
Trump deverá escolher cinco entre 12 medidas previstas pela legislação conhecida como Contraposição aos Adversários da América através de Sanções (CAATSA), que visa punir países que compram equipamento militar da Rússia. Essas medidas incluem proibições de vistos, bloqueio de transações financeiras dentro do sistema americano e recusa de licenças de exportação.
A compra dos armamentos por parte da Turquia poderá comprometer o desenvolvimento dos aviões militares de combate Lockheed Martin F-35, que o país ajuda a construir e planeja adquirir. Os americanos temem que, se os turcos integrarem os sistemas russos à sua defesa, haja risco de dados do F-35 vazarem para Moscou. Este seria um dos motivos para expulsão da Turquia do programa. Os americanos já barraram o treinamento de pilotos turcos que se realizaria nos EUA.
O caso dos S-400 é o mais recente de uma série de questões que abalam as relações entre os dois aliados, que também disputam o domínio sobre regiões estratégicas na Síria a leste do rio Eufrates.. A região abriga forças curdas apoiadas pelos EUA, as quais a Turquia considera inimigas.
A recente detenção de funcionários consulares americanos na Turquia, juntamente com desavenças entre os dois países em questões como a Venezuela, Irã e políticas para o Oriente Médio, acirram as tensões. Ancara exige também a deportação do clérigo Fethullah Gülen, o qual responsabiliza pela tentativa fracassada de golpe de Estado em 2016.
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