A intenção da Rússia de participar ativamente da política chinesa de contenção militar dos EUA na região asiática ficou expressa na primeira patrulha conjunta russo-chinesa da bacia do Pacífico, segundo um analista militar.
Sputnik
O especialista em armas chinesas da Academia de Ciências da Rússia, Vasily Kashin, indica que a patrulha, realizada no dia 23 de julho, foi liderada pelos bombardeiros estratégicos russos Tupolev Tu-95MS e Xian H-6K chinês, além de outras aeronaves, incluindo aviões controlados por radar remoto.
Três bombardeiros estratégicos Tu-95MS participam da parte aérea da 73ª Parada da Vitória, na Praça Vermelha, em 9 de maio de 2018 © SPUTNIK / EKATERINA NENAKHOVA |
Na opinião do analista, o objetivo da missão destas aeronaves era determinar as ações das Forças Aéreas sul-coreanas e japonesas em resposta ao surgimento de aviões russos e chineses, para obter informações de inteligência.
Kashin comenta que o bombardeiro H-6K não desempenha um papel importante na dissuasão nuclear da China, devido ao fato de que esta aeronave, por ser um transportador de mísseis de cruzeiro de alta precisão, tem um alcance limitado e não dispõe de instalações de reabastecimento.
Peça-chave da estratégia chinesa
Contudo, a aeronave H-6K é um elemento-chave da estratégia chinesa para limitar as manobras no cenário de operações do Pacífico.
Esse avião proporciona à Força Aérea chinesa a oportunidade de lançar ataques não nucleares maciços contra a infraestrutura militar dos EUA e seus aliados até a ilha de Guam, e "possivelmente mais além", afirma o especialista militar russo em seu artigo, publicado pelo Centro Carnegie em Moscou.
Graças aos programas de modernização dos últimos anos, os bombardeiros estratégicos russos puderam usar armas não nucleares de alta precisão.
"O fato de começarem a realizar missões no Pacífico junto com seus homólogos chineses, mesmo na ausência de uma aliança formal entre os dois países, obriga-nos a reexaminar as perspectivas de um possível conflito nesta região", continua o analista.
Para Kashin, trata-se de um aumento significativo do potencial de ataque da Força Aérea chinesa, o que acabará exigindo medidas de resposta adequadas e muito dispendiosas de Washington e seus aliados, sem custos adicionais para Moscou e Pequim.
Cooperação militar
"Até recentemente, o fator russo era simplesmente ignorado ao considerar os cenários de conflitos armados no leste da Ásia [Taiwan, mar do Sul da China]", lembra o especialista, adicionando que o avião de longo alcance é o principal instrumento de que a Rússia dispõe no Pacífico, "o que permite influenciar seriamente a situação militar na região".
"Levando a cooperação com a China a um novo patamar, a tarefa mais importante para Moscou será preservar sua estreita especialização 'antiamericana'. É evidente que a Rússia não está disposta a envolver-se nas muitas e antigas disputas de Pequim com os países asiáticos sobre diversas ilhas e ressentimentos históricos. Ao mesmo tempo, a natureza das relações EUA-Rússia e EUA-China de hoje torna inevitável que a cooperação militar da Rússia com a China cresça em uma base antiamericana", prevê Kashin.
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