Segundo Coreia do Norte, lançamentos na véspera foram alerta para que Seul cancele importação de armamentos e exercícios militares com os EUA. Disparos foram os primeiros depois do encontro entre Kim e Trump em junho.
Deutsch Welle
O governo da Coreia do Norte afirmou nesta sexta-feira (26/07) que os mísseis lançados no dia anterior são novas armas táticas destinadas a enviar um "aviso solene" para que a Coreia do Sul pare de importar armamentos e fazer exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.
Mísseis disparados pela Coreia do Norte caíram no Mar do Japão |
O lançamento de dois mísseis de curto alcance na quinta-feira foi o primeiro desde que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump, se encontraram no mês passado, na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias.
Nesse terceiro encontro, os dois líderes concordaram em retomar as discussões sobre a desnuclearização da Península Coreana, mas Pyongyang tem ameaçado quebrar a promessa, em protesto contra os exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, previstos para o próximo mês.
A agência de notícias oficial norte-coreana, KCNA, forneceu pouca informação técnica sobre os dispositivos, descrevendo-os apenas como "um novo tipo de arma tática guiada" e "um sistema de armas ultramoderno".
Os testes constituem um "sério aviso aos soldados sul-coreanos, que ainda não abandonaram a previsão de realizar os exercícios conjuntos, apesar de repetidos avisos [de Pyongyang]", afirmou a KCNA.
Segundo fontes militares da Coreia do Sul, os dados dos disparos na quinta-feira mostram similaridades com o Iskander, míssil de curto alcance de fabricação russa, capaz de transportar ogiva nuclear. Uma versão norte-coreana poderia atingir qualquer ponto da Coreia do Sul e ser difícil de interceptar.
Ao supervisionar os lançamentos, Kim Jong-un afirmou que os novos mísseis tiveram que ser desenvolvidos para neutralizar os armamentos que estão sendo comprados pela Coreia do Sul.
A Coreia do Norte já havia avisado que a aquisição por Seul de caças F-35 americanos – o primeiro deles chegou em março – obrigaria o vizinho a desenvolver e a testar "armas especiais" para destruir as aeronaves.
De acordo com a KCNA, Kim afirmou que os novos mísseis podem voar a baixas altitudes, o que dificulta sua interceptação. O líder norte-coreano ainda advertiu Seul contra a tentação de "ignorar a advertência" implícita que essas novas armas representam.
Segundo estimativas do exército sul-coreano, os dois mísseis de curto alcance viajaram entre 450 e 700 quilômetros, antes de caírem no mar, entre a Península Coreana e o Japão.
O ministro da Defesa japonês falou em disparos "extremamente lamentáveis", enquanto o Ministério da Segurança Nacional sul-coreano disse estar "profundamente preocupado".
Os Estados Unidos pediram o fim das provocações. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, minimizou os lançamentos de quinta-feira e disse em entrevista à Bloomberg TV que conversas em nível de trabalho com a Coreia do Norte devem começar "em algumas semanas".
Embora Pyongyang tenha emitido palavras duras em direção à Coreia do Sul, a declaração ficou longe dos tipos de ataques beligerantes aos Estados Unidos que marcaram anúncios anteriores, um possível sinal de que o regime norte-coreano continua tendo interesse em manter viva a diplomacia.
Quase 30 mil soldados americanos estão estacionados na Coreia do Sul, e os exercícios anuais que realizam com dezenas de milhares de soldados sul-coreanos geram irritação em Pyongyang, que os considera um teste para a invasão de seu território.
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