Produto é usado para produzir combustível para reatores nucleares - e, potencialmente, armas nucleares. Governo iraniano e Agência Internacional de Energia Atômica confirmam a informação.
Por G1
O ministro de Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, afirmou nesta segunda-feira (1º) que o Irã ultrapassou o limite de 300 kg de urânio de baixo enriquecimento que foi previsto pelo acordo nuclear de 2015. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU), confirmou a informação.
Imagem de arquivo mostra encontro de representantes de países signatários de acordo nuclear com Irã em Viena — Foto: JOE KLAMAR / AFP |
A medida desafia o alerta feito por países europeus e as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. A violação dos termos abre espaço para a volta de sanções multilaterais que foram suspensas em troca de o Irã limitar suas atividades nucleares.
O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares. Sob o acordo, o Irã foi autorizado a produzir um limite de 300 kg desse produto e poderia enviar as quantias em excesso para fora do país para armazenamento ou venda.
Um porta voz do ministério do Interior iraniano afirmou, ainda, que as medidas que diminuem os compromissos com o tratado de 2015 são "reversíveis", e pediu à Europa que acelere esforços para manter o acordo.
Em maio, o Irã quadruplicou a produção do urânio de baixo enriquecimento. Em junho, o governo iraniano aumentaria o seu estoque e o porta-voz da organização de energia atômica iraniana, Behrouz Kamalvandi, afirmou que o passo seguinte seria aumentar a taxa de enriquecimento. O país respeita o limite de 3,67 %, mas ameaçava elevar a taxa em 0,03 ponto percentual. Ainda assim, não seria o suficiente para uma arma nuclear.
Na época, o governo iraniano afirmou que estava respondendo às sanções restabelecidas pelos Estados Unidos depois que o presidente Donald Trump abandonou o acordo. Os países europeus já alertaram que qualquer violação poderá ter consequências.
O anúncio do aumento do estoque iraniano de urânio enriquecido provocou a reação de Israel, principal adversário político do Irã. O premiê Benjamin Netanyahu fez um apelo para que os países europeus lancem sanções automáticas contra o Irã e afirmou que seu país não permitirá que os iranianos desenvolvam armas nucleares.
Entenda o acordo
Em 2015, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) foi assinado pelo Irã e cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - os Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, além da Alemanha (o grupo chamado de P5 +1 ).
Pelo compromisso, o país persa concordou em limitar seu enriquecimento de urânio sob a vistoria de inspetores da ONU em troca do cancelamento de sanções econômicas.
Sob os termos do acordo nuclear, o Irã pode manter reservas de não mais de 300kg de urânio de baixo enriquecimento. A quantidade, entretanto, não chega nem perto das 10 toneladas que o país já teve.
Atualmente, o acordo limita o Irã a enriquecer urânio a 3,67%, o que pode alimentar uma usina nuclear comercial. Já o urânio usado para armas precisa ser enriquecido até cerca de 90%. No entanto, uma vez que um país enriqueça urânio a aproximadamente 20%, o tempo necessário para chegar a 90% é reduzido pela metade, dizem cientistas.
Em maio de 2018, o presidente Donald Trump cumpriu sua promessa de campanha e se retirou do acordo firmado pelo seu antecessor, Barack Obama, alegando que o país não cumpria os termos estabelecidos em 2015 e que financiava o terrorismo em outros países. Também foram reimpostas sanções econômicas, o que representou um pesado golpe sobre a já fraca economia iraniana.
Desde então, a administração Trump tem dito que qualquer país que importar petróleo iraniano irá enfrentar sanções norte-americanas.
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