O Brasil sedia nesta sexta-feira (26) a reunião entre os chanceleres do BRICS no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Sputnik
O evento contou com a presença dos chanceleres dos cinco países pertencentes ao bloco: Sergei Lavrov, da Rússia; Subrahmanyam Jaishankar, da Índia; Wang Yi, da China; a Ministra Naledi Pandor, da África do Sul e o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.
Reprodução |
Durante a reunião, Araújo destacou as prioridades do Brasil ao assumir a presidência de turno. Segundo o ministro, o presidente do Brasil Jair Bolsonaro disse que o foco deve se basear em três aspectos.
"A primeira é buscar uma presidência focada em resultados. O presidente Jair Bolsonaro disse que iriamos presidir os BRICS com foco na ciência e tecnologia, economia digital e combate aos crimes internacionais", afirmou Araújo.
Araújo e Lavrov discordam sobre caminhos da Venezuela
Araújo utilizou sua fala para criticar novamente o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e defendeu uma interferência externa no país em apoio a Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino no dia 23 de janeiro.
"Esse grito de liberdade vem da Venezuela. O Brasil tem escutado esse grito. De um lado da Venezuela temos um governo constitucionalmente estabelecido. E do outro um governo que causa o sofrimento do seu povo. Toda comunidade internacional precisa ouvir esse grito e agir", disse o chanceler brasileiro.
Durante seu discurso, Lavrov, também falou sobre a Venezuela, mas no oposto de Araújo, o russo se posicionou contrário a uma intervenção estrangeira no país.
"Nós precisamos utilizar a lei internacional como base para chegar em uma solução através deles mesmos, sem interferência externas. Nós acreditamos que esse tipo de reunião é um passo para chegarmos nesse processo", disse o russo.
Tensão no Golfo Pérsico chegou ao limite, diz Lavrov
Outro ponto enfatizado por Lavrov é a recente tensão no Golfo Pérsico. A Guarda Revolucionária do Irã (IRGC) apreendeu uma embarcação de bandeira britânica no estreito de Ormuz, alegando que ela violou a lei marítima.
O incidente ocorreu após a captura pela Grã-Bretanha de um petroleiro iraniano na costa de Gibraltar há algumas semanas.
Segundo Lavrov, a situação política na região pode levar a um confronto militar.
"A situação do Golfo Pérsico chegou a um limite que pode levar a um confronto militar e nós não queremos que isso aconteça", alertou o ministro russo.
Combate ao terrorismo
Durante o discurso de todos os cinco ministros, o tema do combate ao terrorismo foi destacado. O BRICS possui um grupo de trabalho que visa o combate deste tipo de atividade e o ministro Subrahmanyam Jaishankar, da Índia, diz que combater grupos radicais deve ser uma das prioridades do bloco.
"Todos os nossos países têm sido vítimas de terrorismos e precisamos nos apoiar para acabar com esses grupos e seus apoiadores. O BRICS tem que lutar para acabar com o financiamento das redes terroristas em todos os nossos territórios", disse Jaishankar.
O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, também utilizou seu espaço de fala para pedir a cooperação dos países do bloco no combate às organizações terroristas.
"Os países BRICS sempre tiveram cooperação em cibersegurança e contraterrorismo. Precisamos basear as nossas negociações internacionais em medidas claras contra o terrorismo", afirmou Wang Yi.
Desde 2006, os chanceleres do BRICS reúnem-se anualmente à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas para discutir os principais temas da agenda global. Em 2008, a Rússia sediou um encontro avulso ("stand alone") de chanceleres do BRICS.
A prática, adicional à reunião à margem da Assembleia Geral da ONU, foi retomada em 2017 pela presidência chinesa do agrupamento e repetida em 2018, em Pretória, e neste ano o Brasil seguiu a prática e sediou o terceiro encontro avulso dos chanceleres do bloco.
O principal encontro da presidência de turno será a 11ª Cúpula do BRICS, que acontecerá em Brasília entre os dias 13 e 14 de novembro deste ano. Todos os líderes confirmaram participação na reunião.
Tags
África
África do Sul
América Latina
Ásia
Brasil
BRICS
China
Estreito de Gibraltar
Estreito de Ormuz
Europa
Golfo Pérsico
Índia
Inglaterra
Irã
Oriente Médio
Rússia
Venezuela