A “perigosa paralisia” que prevalece no conflito israelense-palestino está impulsionando extremismo e exacerbando tensões, levando à “perda de esperança” de que a paz um dia possa ser alcançada através de negociações, disse a chefe de Assuntos Políticos das Nações Unidas na terça-feira (23) ao Conselho de Segurança.
ONU News
Rosemary Dicarlo disse que o desejo internacional de uma solução de dois Estados, com ambos os países vivendo lado a lado de forma segura, não é uma causa perdida. Mas, para solucionar todas as questões finais que dividem israelenses e palestinos, é preciso “liderança, vontade política e determinação para alcançar progresso tangível, apesar das dificuldades”.
Rosemary Dicarlo disse que o desejo internacional de uma solução de dois Estados, com ambos os países vivendo lado a lado de forma segura, não é uma causa perdida. Mas, para solucionar todas as questões finais que dividem israelenses e palestinos, é preciso “liderança, vontade política e determinação para alcançar progresso tangível, apesar das dificuldades”.
As autoridades israelenses demoliram casas em comunidade vulnerável de beduínos em Abu Nwar, na Área C, perto de Jerusalém Oriental, na Cisjordânia. Foto: UNRWA |
Acontecimentos na região, no entanto, estão tornando a solução de dois Estados mais remota, alertou DiCarlo. O caminho legal em Israel agora está aberto para “regularização comercial” de até 2 mil unidades habitacionais em assentamentos considerados ilegais sob a lei internacional. Ela reiterou que os assentamentos continuam sendo “um obstáculo considerável à paz”.
Informando o Conselho sobre todos os aspectos do processo de paz no Oriente Médio ao longo dos últimos três meses, a subsecretária-geral DiCarlo disse ao debate aberto que a demolição e a tomada por autoridades israelenses de casas possuídas por palestinos continuam. No total, 66 estruturas foram destruídas ou tomadas, resultando no deslocamento de 90 palestinos, incluindo 58 crianças, e afetando as vidas de mais de 6,3 mil pessoas.
Violência diminui em Gaza
Embora a violência tenha diminuído no enclave de Gaza, em comparação com o auge dos protestos na cerca fronteiriça com Israel, um palestino foi morto pelas Forças de Defesa Israelenses (IDF) durante o último trimestre, e mais 736 palestinos ficaram feridos, incluindo 234 crianças. Tanto pipas incendiárias quanto lançamentos de foguetes também continuaram, mirando civis israelenses, mas o número de casos também caiu.
“O Hamas e a Jihad Islâmica da Palestina precisam cessar esta prática imediatamente”, disse DiCarlo, que também relatou que a violência continuou na Cisjordânia.
A situação humanitária, econômica e política na Faixa de Gaza, comandada pelo Hamas, continua sendo uma grande preocupação, disse DiCarlo. Segundo a subsecretária, a raiz de todos os problemas “continua política”. Ela pediu para todas as facções palestinas se unirem “sob um governo nacional único, democrático e legítimo”, que inclua Gaza em uma solução de dois Estados.
Declínio econômico continua
A chefe de Assuntos Políticos destacou que a economia palestina está “mostrando crescentes sinais de declínio”, e o governo continuou rejeitando a transferência parcial de receitas fiscais de Israel pelo quinto mês consecutivo.
Ela disse que, embora ambos os lados tenham se negado a negociar entre si, é “essencial adotar medidas temporárias para responder à crise fiscal da Autoridade Palestina”. Ela também encorajou Israel e a Palestina a trabalharem juntos “para encontrar tais soluções”.
“Encerrando, gostaria de enfatizar a gravidade da situação no Território Palestino Ocupado e a necessidade urgente de medidas tangíveis para reverter a trajetória negativa”, disse ao Conselho de Segurança.
As Nações Unidas, concluiu DiCarlo, “permanecem comprometidas em apoiar palestinos e israelenses em seus esforços para encerrar o conflito e para concretizar a visão de dois Estados, vivendo lado a lado em paz e segurança”.