Segundo o 'The New York Times', Tucker Carlson terá dito ao presidente norte-americano que responder às provocações de Teerão com força era uma loucura e que iria acabar com as suas hipóteses de reeleição, reforçando as dúvidas que Trump já tinha sobre o ataque.
Diário de Notícias
O comentador da Fox News Tucker Carlson terá sido uma das vozes que o presidente norte-americano, Donald Trump, ouviu que o fizeram suspender o ataque ao Irão, de acordo com o jornal The New York Times, mas também com outros media norte-americanos que citam fontes envolvidas no processo.
Tucker Carlson, numa imagem retirada de um dos vídeos do seu programa © DR |
"Enquanto os conselheiros de segurança nacional estavam a insistir num ataque militar contra o Irão, Carlson nos últimos dias disse a Trump que responder às provocações de Teerão com força era uma loucura. Os falcões não estavam a pensar nos melhores interesses do presidente, disse ele. E se Trump entrasse numa guerra com o Irão, ele poderia dizer adeus às suas hipóteses de reeleição", escreveu o jornal norte-americano, indicando que isso ajudou a "reforçar as dúvidas" que o presidente já tinha sobre o ataque.
O Irão abateu na quinta-feira um drone norte-americano, alegando que este tinha entrado no seu território. Washington, que garante que o aparelho estava em espaço aéreo internacional, estaria preparada para retaliar mas, ainda antes de os aviões levantarem voo, o presidente decidiu cancelar o ataque por considerar que a resposta era desproporcionada, já que podia resultar na morte de 150 iranianos.
Nos últimos dias, já desde os ataques contra dois petroleiros no Estreito de Ormuz (Washington aponta o dedo aos iranianos), Carlson tem defendido no seu programa Tucker Carlson Tonight que um ataque ao Irão poderia terminar numa guerra aberta sem uma vitória certa. Ao contrário de outros comentadores da Fox News, que se mostram favoráveis a essa solução, Carlson terá lembrado Trump que ele tem sido um crítico das vidas perdidas e do dinheiro desperdiçado a combater guerras sem sentido no Médio Oriente.
Além de ouvir regularmente o programa de Carlson, Trump ouve o comentador também em privado, segundo a agência norte-americana AP, que cita duas fontes com conhecimento do caso para dizer que isso aconteceu precisamente no dia do ataque. A AP, num artigo em que conta a forma como a decisão de não atacar foi tomada, conta que o presidente estava a ficar cada vez mais frustrado com o seu conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, que defendia o ataque, e que estava a ouvir a opinião de outras pessoas. Entre eles Carlson.
De acordo com o The New York Times, já depois de ter cancelado o ataque, Trump ligou a televisão para ver o programa de Carlson daquela noite. No ecrã, o comentador lembrava que "guerras estrangeiras acabaram em falhanços para os EUA" e, apesar de não ter sido ainda anunciado a suspensão do ataque, louvou Trump por resistir a uma intervenção militar. "As mesmas pessoas que nos atraíram para o atoleiro que é o Iraque há 16 anos estão a exigir uma nova guerra, agora com o Irão", disse, acrescentando que o presidente "para seu grande crédito, parece estar cético em relação a isto, muito cético".
Carlson, de 50 anos, é um comentador político conservador que apresenta o seu programa na Fox News desde 2016. Nascido em São Francisco, na Califórnia, filho de um antigo apresentador de televisão e ex-diretor da Voice of America. Na década de 1990, começou a trabalhar em jornalismo, nomeadamente na revista The Weekly Standard em 1995, passando na década seguinte para a televisão. Foi comentador da CNN entre 2000 e 2005, passando depois para a MSNBC, antes de entrar na Fox News em 2009. Em 2010, fundou o site de notícias conservador The Daily Caller.
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