Em celebração dos 75 anos da invasão aliada da Normandia, Elizabeth 2ª, Trump, Merkel, Macron e outros líderes homenageiam soldados que participaram da operação, considerada decisiva para o fim da Segunda Guerra.
Deutsch Welle
Líderes de 16 países se reuniram nesta quarta-feira (05/06) na base naval britânica de Portsmouth para celebrar o 75º aniversário do Dia D. A cerimônia também contou com a presença de cerca de 300 veteranos sobreviventes da notória invasão da Normandia em 6 de junho de 1944.
"Quando participei da comemoração do 60º aniversário do Dia D, alguns pensaram que poderia ter sido meu último evento desse tipo. Mas a geração da guerra – a minha geração – é resiliente. Estou muito feliz de estar com vocês hoje em Portsmouth", disse a rainha Elizabeth 2ª, de 93 anos.
"O heroísmo, a coragem e o sacrifício daqueles que perderam suas vidas nunca serão esquecidos. É com humildade e prazer, em nome de todo o país – na verdade, de todo o mundo livre – que eu digo a todos: muito obrigado", concluiu Elizabeth 2ª.
Enquanto prestava seus cumprimentos em Portsmouth, Donald Trump leu um trecho de uma oração proferida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt ao povo americano em 6 de junho de 1944.
"Deus todo poderoso, nossos filhos, orgulho de nossa nação, neste dia, empreendem um grande esforço, uma luta para preservar nossa república, nossa religião e nossa civilização e libertar uma humanidade sofredora", leu Trump. "O inimigo é forte. Ele pode rechaçar nossas forças, mas iremos retrucar de novo e de novo – e sabemos que, pela Tua graça e pela justiça de nossa causa, nossos filhos triunfarão."
A anfitriã do evento, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou que a "solidariedade e determinação" dos soldados que defenderam a liberdade "continua sendo uma lição para todos nós".
"Ao nos unirmos para homenagear aqueles cuja bravura e sacrifício nas praias da Normandia marcou um ponto de guinada na Segunda Guerra, nós nos comprometemos a nunca esquecer a dívida que temos com eles", disse May.
A primeira-ministra também leu parte de uma carta que o capitão britânico Norman Skinner escreveu para a esposa poucos dias antes da invasão da Normandia: "Eu daria tudo para estar de volta com você, mas ainda não tive qualquer desejo de desistir do trabalho que temos que fazer."
Skinner participou da maior invasão anfíbia da história e foi morto no dia seguinte. A carta foi encontrada no bolso dele.
Também marcaram presença a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, entre outras figuras importantes de outros dez países.
Macron agradeceu aos veteranos do Dia D "em nome da minha nação" e recebeu aplausos do público. Ele também leu um trecho de uma carta de um combatente da resistência francesa que foi executado aos 16 anos.
"Eu vou morrer pelo meu país", escreveu Henri Fertet antes da execução. "Quero que a França seja livre e que os franceses sejam felizes."
Tropas britânicas encenam manobras
A manobra militar iniciada em 6 de junho de 1944 contra as tropas de ocupação alemãs no norte da França segue sendo o maior ataque anfíbio da história, que contou com a participação de cerca de 156 mil soldados dos EUA, do Reino Unido e de outros países.
Com a maior parte das tropas alemães fortemente envolvidas no enfrentamento das forças soviéticas no leste, a Operação Overlord, codinome para a Batalha da Normandia, que forçou a Alemanha a se engajar numa guerra de duas frentes, é considerada o começo do fim do regime nazista de Adolf Hitler.
Na comemoração desta quarta-feira, militares do Reino Unido realizaram manobras encenadas que envolveram cerca de quatro mil soldados, 26 aeronaves e 11 embarcações navais britânicas. Participaram também militares dos EUA, que executaram o papel dos soldados americanos que escalaram os penhascos na Normandia na Segunda Guerra.
"Laços selados com sangue"
Tom Rice, um veterano americano de 97 anos, saltou de paraquedas numa recriação de sua missão no Dia D, descrita por ele como "o pior salto que já dei". Seu salto desta quarta-feira foi executado em conjunto com outro paraquedista.
Antes da comemoração, os 16 países representados no evento – Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Eslováquia, EUA, França, Grécia, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Reino Unido e República Tcheca – prometeram "trabalhar juntos como aliados e amigos".
"Nos últimos 75 anos, nossos países defenderam a paz na Europa e no mundo, a democracia, a tolerância e o Estado de direito", afirmaram em comunicado em que prometem proteger esses valores. "Assim sendo, nós saudamos os veteranos sobreviventes do Dia D e honramos as memórias daqueles que vieram antes de nós."
Trump homenageou "os heróis que deram suas vidas para resgatar a própria civilização", em uma entrevista coletiva na terça-feira. "Os laços de amizade forjados aqui e selados com sangue nestas praias sagradas durarão para sempre", disse.