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18 junho 2019

Irã ameaça romper limite de reservas de urânio; entenda o que país pode fazer se sair de acordo nuclear

Sem regulação, país pode adotar equipamentos mais modernos e rápidos e ampliar volume de enriquecimento de material que pode ser usado em armas nucleares. Acordo foi firmado em 2015 entre Irã e mais seis países, mas Trump retirou EUA em maio de 2018.


Associated Press

O Irã anunciou que irá exceder o limite de reservas de urânio determinado pelo acordo nuclear de 2015, ampliando as tensões no Oriente Médio.

Em foto de 13 de janeiro de 2015, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, visita usina nuclear em Bushehr — Foto: AP Photo/Iranian Presidency Office, Mohammad Berno
Em foto de 13 de janeiro de 2015, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, visita usina nuclear em Bushehr — Foto: AP Photo/Iranian Presidency Office, Mohammad Berno

O prazo de 27 de junho dado por Teerã vem antes de outra data limite, 7 de julho, para que a Europa apresente melhores termos para que o país permaneça no acordo. Se essa segunda data passar sem nenhuma ação, o presidente iraniano Hassan Rouhani diz que a república islâmica irá provavelmente retomar o alto enriquecimento de urânio.

Veja a seguir em que situação está o programa nuclear do Irã atualmente:

O acordo nuclear

O Irã fechou um acordo nuclear em 2015 com Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China. O acordo, formalmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPoA, na sigla em inglês), surgiu a partir de conversas secretas que a administração do então presidente Barack Obama manteve com o Irã depois que Rouhani, considerado relativamente moderado, assumiu o cargo.

O Irã concordou em limitar seu enriquecimento de urânio sob a vistoria de inspetores da ONU em troca do cancelamento de sanções econômicas. Companhias internacionais correram para fazer negócios com o país, com destaque para vendas de bilhões de dólares feitas pela Airbus e pela Boeing Co.

O presidente Donald Trump, que tinha como promessa de campanha anular o acordo porque ele não incluía o programa de mísseis balísticos do Irã ou seu envolvimento em conflitos regionais, retirou os EUA do acordo em maio de 2018. Isso interrompeu transações internacionais e representou um pesado golpe sobre a já fraca economia iraniana. Desde então, a administração Trump tem dito que qualquer país que importar petróleo iraniano irá enfrentar sanções norte-americanas.

Instalações nucleares iranianas

Natanz, na província central de Isfahan, sedia a maior instalação de enriquecimento de urânio iraniana, localizada no subsolo. O Irã tem uma usina de energia nuclear em funcionamento em Bushehr, aberta com a ajuda da Rússia em 2011. Sob o acordo, o país reconfigurou um reator de água pesada para que ele não pudesse produzir plutônio e concordou em converter seu local de enriquecimento em Fordo – cravado profundamente em uma montanha – em um centro de pesquisas. O Irã disse na segunda-feira (17) que pode cancelar a reconfiguração do reator de água pesada. Teerã também opera um reator de pesquisa de mais de 50 anos na capital do país.

Reservas de urânio iranianas

Sob os termos do acordo nuclear, o Irã pode manter reservas de não mais de 300 quilos de urânio pouco enriquecido. Isso não chega nem perto com os 10 mil quilos de urânio altamente enriquecido que ele já teve. Atualmente, o acordo limita o Irã a enriquecer urânio a 3,67%, o que pode alimentar uma usina nuclear comercial. Urânio usado para armas precisa ser enriquecido até cerca de 90%. No entanto, uma vez que um país enriqueça urânio a aproximadamente 20%, cientistas dizem que o tempo necessário para chegar a 90% é reduzido pela metade. Anteriormente, o Irã tinha enriquecido o material a 20%. Autoridades iranianas disseram que quadruplicaram sua produção de urânio pouco enriquecido e irão ultrapassar o limite de 300 quilos até 27 de junho.

Centrífugas iranianas

Uma centrífuga é um aparelho que enriquece urânio girando rapidamente gás hexafluoreto de urânio. Sob o acordo nuclear, o Irã tinha sido limitado a operar 5.060 centrífugas do modelo IR-1, mais antigo. A IR-1 é baseada em um projeto holandês dos anos 1970 que o cientista paquistanês A.Q. Khan usou para construir o programa de armas nucleares de Islamabad e depois vender para Irã, Líbia e Coreia do Norte.

O Irã tem a habilidade técnica para construir e operar versões avançadas chamadas IR-2m, IR-4 e IR-6 em Natanz, mas é proibido de fazer isso por causa dos termos do acordo nuclear. Ali Akbar Salehi, coordenador do programa nuclear iraniano, disse à agência Associated Press em setembro que a IR-2m e a IR-4 podem enriquecer urânio cinco vezes mais rápido do que a IR-1, enquanto a IR-6 pode fazer isso dez vezes mais rápido. Especialistas ocidentais sugeriram que essas centrífugas podem produzir de três a cinco vezes mais urânio enriquecido em um ano do que as IR-1s.

O Irã também guardou em depósitos diversas centrífugas já construídas como parte do acordo.

De ‘Átomos pela paz’ a Stuxnet

O programa nuclear do Irã na verdade começou com a ajuda dos Estados Unidos. Sob seu programa “Átomos pela paz”, os EUA forneceram um reator de testes que foi acionado em Teerã em 1967, sob o comando do Xá Mohammad Reza Pahlavi. Essa ajuda terminou quando a Revolução Islâmica de 1979 depôs o xá.

Nos anos 1990, o Irã expandiu seu programa, inclusive comprando equipamento de A.Q. Khan. Entre suas atividades, o país “pode ter recebido informações sobre projetos” para uma bomba e pesquisou detonadores explosivos, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica.

Em agosto de 2002, serviços de inteligência ocidentais e um grupo de oposição iraniano revelaram uma instalação nuclear disfarçada em Natanz. O Irã até hoje nega que seu programa nuclear tivesse uma dimensão militar. O país suspendeu o enriquecimento em 2003, mas o retomou três anos depois, sob o comando do então presidente Mahmoud Ahmadinejad. Forças mundiais impuseram sanções incapacitantes da ONU em resposta. O vírus de computador Stuxnet, que muitos acreditam ser uma criação conjunta entre EUA e Israel, logo afetou centenas de centrífugas iranianas.

Uma série de bombardeios, dos quais Israel foi acusado, tiveram como alvo diversos cientistas a partir de 2010, no auge das preocupações ocidentais com o programa iraniano. Israel nunca assumiu a responsabilidade pelos ataques, embora autoridades israelenses tenham ostentado no passado o alcance dos serviços de inteligência do país. No ano passado, Israel disse ter apreendido registros de um “arquivo atômico secreto” no Irã.

Militares e os aiatolas, os - Paco editorial

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