Morreram em Angola entre a I Guerra Mundial e a guerra colonial e estão sepultados em dois cemitérios da provínciaa, segundo levantamento das autoridades locais. Ministro português visitou o cemitério do Alto das Cruzes.
Lusa
Os restos mortais de pelo menos 1 000 antigos militares portugueses, que morreram em Angola entre a I Guerra Mundial e a guerra colonial, estão sepultados em dois cemitérios da província de Luanda, segundo um levantamento das autoridades locais.
Tramsporte de feridos a cavalo na guerra colonial em Angola © Arquivo DN |
O ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho, que realiza desde terça-feira uma visita de trabalho de três dias a Luanda, visitou esta quarta-feira o cemitério do Alto das Cruzes, depois do encontro que manteve, terça-feira com o ministro angolano dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto "Liberdade", com o qual abordou o processo sobre a homenagem que as autoridades portuguesas pretendem fazer aos militares que morreram em Angola.
João Gomes Cravinho, que em Luanda vai também participar da 19.ª reunião de Ministros da Defesa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que inicia quinta-feira, considerou "um dever de memória" a todos aqueles que morreram em serviço da sociedade".
"E isso é um caso em relação aos nossos militares que morreram aqui. No cemitério do Alto das Cruzes há militares portugueses ainda da I Guerra Mundial, que faleceram já idosos em Angola, depois do século XX, há militares também do período da guerra colonial e há aqui todo um trabalho a fazer na dignificação das suas campas", referiu.
O governante português sublinhou que dentro de poucas semanas virá a Luanda uma delegação da Liga dos Combatentes portuguesa para fazer o levantamento da situação.
"E ao longo dos próximos tempos, agora de estreita ligação também com as autoridades angolanas, iremos fazer esse trabalho de dignificação da memória", disse o ministro, realçando que este momento de memória comum será utilizado "como um fator unificador dos povos".
"Tal como na Europa as celebrações do centenário da I Guerra Mundial são um momento de unidade e não de separação", frisou.
Para o titular da pasta da Defesa portuguesa, foi "muito importante" a visita que efetuou ao cemitério para "compreender o estado em que estão as campas e ter uma ideia do trabalho que precisa de ser feito e que será agora feito".
O trabalho de levantamento da situação vai começar por Luanda, segundo o ministro, com a concentração virada para os cemitérios do Alto das Cruzes e de Santana, para depois se estender a outras regiões do país.
"Este é um trabalho constante de diálogo com as autoridades angolanas e estão hoje reunidas as condições para celebrarmos condignamente e da forma como indiquei, isto é, como uma forma de união dos nossos povos e não como fator de divisão", disse.
Por sua vez, o responsável pelos cemitérios em Luanda, Filipe Mahapi, referiu que em Luanda estão registados as sepulturas de pelo menos 1 000 soldados portugueses falecidos em período de guerra no território angolano.
"Neste cemitério do Alto das Cruzes temos mais de 400 e no cemitério da Santana também temos para cima de 600, números catalogados e registados nos nossos arquivos em Luanda", salientou.
Segundo Filipe Mahapi, entre os restos mortais de militares portugueses depositados nestes dois cemitérios coloniais de Luanda estão também de soldados que tombaram noutras províncias do país e foram transladados para estes dois espaços.
"Visitamos três sítios, a capela onde estão depositados os ossários, restos mortais dos soldados, a área onde estão sepultados os soldados da marinha de guerra portuguesa e na sequência também podemos visitar um sarcófago, onde estão depositados alguns restos mortais de pilotos da companhia aérea DTA nos anos 1950", descreveu o responsável.
De acordo com Filipe Mahapi, a informação que tem é que as autoridades portuguesas pretendem fazer a exumação e inumação dos restos mortais.
"Vamos ver depois o que é que vai se fazer. De certeza que se vai construir uma área, onde vai se fazer as honras militares para todos eles num único sítio", disse.
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