A Coreia do Norte exigiu que o Secretário de Estado americano Mike Pompeo fosse removido das negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang entre os dois países, acusando-o de "falar besteira" e ser "imprudente".
BBC News Brasil
Em uma declaração divulgada pela mídia estatal norte-coreana, um funcionário do primeiro escalão do Ministério das Relações Exteriores, Kwon Jong-gun, disse que os EUA precisavam de alguém "mais cuidadoso e maduro na comunicação" entre os dois países.
Em uma declaração divulgada pela mídia estatal norte-coreana, um funcionário do primeiro escalão do Ministério das Relações Exteriores, Kwon Jong-gun, disse que os EUA precisavam de alguém "mais cuidadoso e maduro na comunicação" entre os dois países.
Kim Jong-un supervisionou o mais recente teste de armamento da Coreia do Norte | Reuters |
As críticas vieram após a Coreia do Norte ter anunciado a realização de um novo "teste de arma guiada tática" capaz de transportar uma "poderosa ogiva". O teste, por sua vez, veio depois do fracasso da mais recente rodada de negociação entre os presidentes Donald Trump e Kim Jong-un. Os EUA disseram que as negociações fracassaram porque a Coreia do Norte queria que todas as sanções fossem suspensas para que reduzisse sua capacidade nuclear. Pyongyang, no entanto, contesta essa versão.
Pompeo visitou a Coreia do Norte quatro vezes no ano passado – inclusive para uma reunião com Kim Jong-un. Na semana passada, durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos, Pompeo foi perguntado se concorda que o líder norte-coreano poderia ser descrito como um "tirano". "Claro, tenho certeza que já disse isso", respondeu Pompeo.
Jong-gun disse que as declarações de Pompeo feriram a "dignidade de nossa suprema liderança" e poderiam levar "a uma situação muito perigosa".
O último encontro entre Trump e Kim Jong-un, em fevereiro, terminou sem acordo. Divergências sobre o desmantelamento de complexo nuclear norte-coreano e a imposição de sanções fizeram com que os líderes encerrassem a reunião em Hanói, no Vietnã, antes do previsto.
'Vários modos de disparo contra alvos diferentes'
De acordo com a agência central de notícias coreana (KCNA, na sigla em inglês) o novo teste foi supervisionado pelo próprio líder do país.
A KCNA informou que o teste foi "realizado em vários modos de disparo contra alvos diferentes". Analistas interpretaram que a nova arma poderia ser lançada da terra, mar ou ar.
O presidente anunciou que o desenvolvimento dessa ogiva "tem um peso muito grande no aumento do poder de combate do Exército Popular".
Não está claro, contudo, se esse era um tipo de míssil - mas a maioria dos observadores concorda que foi provavelmente uma arma de curto alcance.
No ano passado, o líder da Coreia do Norte declarou que pararia os testes nucleares e não iria mais lançar mísseis balísticos intercontinentais, uma vez que as bases nucleares de Pyongyang tinham sido "verificadas".
As atividades nucleares da Coreia do Norte, contudo, parecem não ter sido integralmente interrompidas. Imagens de satélite da principal usina nuclear da Coreia do Norte indicam movimento na semana passada, sugerindo que o país poderia estar reprocessando material radioativo em combustível para bombas.
Os coreanos já anunciaram, no passado, ter desenvolvido uma bomba nuclear pequena o suficiente para caber em um míssil de longo alcance, além de mísseis balísticos que poderiam atingir potencialmente o continente norte-americano.
Ankit Panda, especialista em Coreia do Norte, lembra que o anúncio do último teste foi feito depois de novos exercícios militares conjuntos de norte-americanos e sul-coreanos. Por isso, descreveu o teste norte-coreano como parte da estratégia "olho por olho".
Novo teste
Os norte-coreanos já haviam feito um teste similar de arma guiada em novembro. A mídia estatal norte-coreana deu poucos detalhes sobre o novo teste. Analistas, entretanto, não o viram como sinal de um eventual retorno aos testes de mísseis de longo alcance, sempre vistos como uma ameaça aos EUA.
Segundo a correspondente da BBC em Seul, Laura Bicker, não foi um teste convencional, tampouco um teste de arma nuclear.
"Isso significa que Kim Jong-un pode dizer que está cumprindo sua promessa de não disparar essas armas – enquanto desenvolve novas armas", avalia Bicker.
A correspondente acredita que o novo teste pode ter sido planejado para provocar algum tipo de reação da Casa Branca, onde parece prevalecer a ideia de que, enquanto não houver testes nucleares e as sanções contra a Coreia do Norte estiverem em vigor, não há pressa para firmar um acordo. "Os EUA também parecem estar com a impressão de que são os donos de todas as cartas nesta negociação. Este lançamento é um lembrete de que a Coreia do Norte continua a criar armas, apesar de enfrentar duras sanções econômicas", afirma Bicker.
Para a correspondente da BBC, os novos testes também podem ser vistos como uma mensagem aos norte-coreanos. "Há relatos de que o país está enfrentando escassez de alimentos. Kim Jong-un quer reagrupar seus apoiadores, fazendo uma demonstração de força militar como um lembrete de que eles enfrentam um inimigo comum, e que isso ajudará essa causa", analisa Bicker.
Já do lado norte-americano, diz a correspondente, os novos testes podem prejudicar Trump nas eleições presidenciais do próximo ano, uma vez que ele anunciou ter resolvido o conflito com a Coreia do Norte.
Os EUA disseram que as negociações de fevereiro fracassaram porque a Coreia do Norte queria que todas as sanções fossem suspensas para que reduzisse sua capacidade nuclear. Pyongyang, no entanto, contesta essa versão.
Em seus comentários mais recentes, o líder norte-coreano instou Trump a buscar um acordo que fosse "mutuamente aceitável", mas também falou de seus excelentes laços com o líder dos EUA.
Trump respondeu tuitando elogios generosos a Kim.
No início desta semana, o Departamento de Estado anunciou que Stephen Biegun, enviado especial à Coreia do Norte, iria a Moscou para reuniões "com autoridades russas para discutir os esforços para promover a desnuclearização definitiva da Coreia do Norte".
E, assim, começaram as especulações de um futuro encontro entre Kim Jong-un e Vladimir Putin.
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