Presidente do Senado russo recebe vice de Maduro e afirma que Moscou fará tudo para evitar que EUA intervenham no país sul-americano. Seria um ato "cínico" vindo de um país que se diz defensor da democracia, acusa ela.
Deutsch Welle
Moscou fará "tudo que estiver a seu alcance" para impedir uma intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, afirmou neste domingo (03/03) a presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento da Rússia, Valentina Matvienko, durante encontro com a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez.
A vice-presidente venezuelana foi recebida também pelo ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, em Moscou |
"Em grande parte, nos preocupa que os Estados Unidos possam realizar qualquer provocação para causar derramamento de sangue e encontrar, assim, uma desculpa e um motivo para intervirem na Venezuela. Mas nós faremos o possível para que isso não ocorra", disse Matvienko, segundo a agência russa Interfax.
Matvienko ressaltou que "é especialmente cínica" a atitude dos EUA, "um país que se posiciona no mundo como defensor da democracia".
A presidente do Conselho da Federação – órgão legislativo equivalente ao Senado – qualificou de "grosseira violação do direito internacional e dos estatutos da ONU" as tentativas de "derrubar ilegalmente o atual presidente" e "a nomeação como chefe do país de um político opositor no exterior".
"Tudo isso se soma às ameaças de intervenção militar. A Rússia fez o possível, e seguirá fazendo no futuro, para impedir tal evolução dos eventos", disse a legisladora.
O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, anunciou mais protestos em massa em todo o país nesta segunda e terça-feira, durante o Carnaval na Venezuela.
Guaidó afirmou que retornará à Venezuela para participar das manifestações, durante entrevista coletiva com o presidente equatoriano Lenín Moreno, na localidade equatoriana de Salinas. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ameaçou prender Guaidó, acusando-o de não ter respeitado uma proibição judicial de deixar o país.
Devido à ameaça, o possível retorno de Guaidó tem sido visto com preocupação por observadores internacionais. Ele viajou para a Colômbia há uma semana, tendo desde então se encontrado com chefes de Estado em vários países da América do Sul, incluindo Brasil e Argentina.
A União Europeia alertou contra a prisão de Guaidó e ameaçou com consequências. "Qualquer medida que comprometa a liberdade, segurança ou integridade pessoal de Guaidó irá gerar um acirramento das tensões e será condenada com firmeza pela comunidade internacional", advertiu na noite de sábado a chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, em nome dos Estados-membros do bloco.