O caça furtivo norte-americano F-117 Nighthawk (Falcão Noturno), que foi retirado de serviço da Força Aérea dos EUA há mais de uma década, esteve mais uma vez envolvido em missões de combate, comunicou a revista de aviação holandesa Scramble.
Sputnik
Segundo a publicação, pelo menos quatro caças "invisíveis" participaram de hostilidades no Oriente Médio em 2017. O especialista russo Andrei Kots conta mais sobre as capacidades desta aeronave.
F-117 Nighthawk © AP Photo / Al Behrman |
Invisível a radar
Lockheed F-117 Nighthawk é uma aeronave de ataque tático de um único assento, projetada para penetrar secretamente na zona de defesa aérea do inimigo. Seus principais alvos são bases de mísseis, centros de controle e comunicação, aeródromos, postos de comando e outros. A principal característica do F-117 é a sua capacidade stealth, que o torna invisível aos radares.
"O F-117 foi o primeiro avião a ser construído com tecnologia de baixa visibilidade [stealth], em primeiro lugar — aos radares", explica à Sputnik o expert em aviação, chefe de redação da revista Vzlet, Andrei Fomin.
"É daí que vem a forma incomum [do caça], que não foi usado em desenvolvimentos futuros. Os painéis planos estão dispostos de forma a refletir as ondas do radar e a redirecioná-las para os lados, não permitindo que regressem à estação de radar receptora. Em 1981, o primeiro voo ocorreu, e já em 1983, começaram as entregas em série para a Força Aérea dos EUA."
Segundo o especialista, o objetivo principal do F-117, que foi produzido de 1983 a 1990, é atacar com armas de alta precisão ou não guiadas dentro do território inimigo.
Um ponto negativo é que o F-117 é considerado ligeiramente "cego", porque não é equipado com um radar ativo. Com exceção do laser, da iluminação dos alvos, todos os sistemas de navegação e de pontaria são passivos. O sistema de câmeras infravermelhas é usado para orientação, enquanto que o sistema inercial e o receptor via satélite são usados para navegação.
O F-117 não dispõe de sistemas ativos de guerra eletrônica, contanto com duas bombas guiadas GBU-10 ou GBU-27, e com possiblidade de se instalar mísseis AGM-88 HARM, AGM-65 Maverick, bombas atômicas B-61 ou B-83 e bombas GBU-15.
História de combate
As primeiras operações grandiosas com a utilização do F-117 foram realizadas durante a Guerra do Golfo de 1991. Os aviões fizeram 1.271 missões e lançaram duas mil toneladas de bombas guiadas a laser.
Cada um dos aviões transportava duas bombas projetadas para destruir as instalações de defesa aérea de Saddam Hussein. Trinta e seis "falcões" envolvidos na operação em apenas uma noite fizeram uma série de ataques devastadores nos sistemas de defesa do país e destruíram toda a frota de bombardeiros inimigos Tu-16, pois os radares simplesmente não viram o avião americano.
Os Nighthawks lutaram com pouca ou nenhuma perda — apenas um avião foi abatido sobre a área de batalha. Em 27 de março de 1999, o F-117A foi atingido por um míssil antiaéreo S-125 disparado da área da aldeia de Bujanovac durante a operação militar da OTAN contra a Iugoslávia. Foi relatado que o abate do F-117 tinha sido na mesma rota várias vezes, de modo que os artilheiros antiaéreos sérvios poderiam ter se preparado para disparar com antecedência, escreve o autor do artigo.
Reserva de aeronaves
"Os aviões que foram retirados de serviço são armazenados em uma base militar secreta nos Estados Unidos em condições de aeronavegabilidade", disse Andrei Fomin.
Apesar do fato de que os "falcões" foram removidos dos combates há mais de dez anos, eles, assim como os carros, precisam ser "testados" às vezes. O especialista não confirmou o fato do uso dos F-117 no Iraque e na Síria em 2017, mas ressaltou que isso é provável. Segundo ele, a Força Aérea dos EUA realiza periodicamente algumas operações secretas, onde tais equipamentos podem ter sido usados.
"No entanto, não vejo nenhum sentido prático na aplicação do F-117 […] Força Aérea dos EUA possui outros equipamentos, tanto o F-35 quanto o F-22, que são capazes de operar com maior eficiência. Mas acho que saberemos a verdade em 20 anos", conclui Fomin.