Os militares da operação antiterrorista "Sentinela" foram mobilizados para proteger as principais instituições francesas. Ao final da manhã, os coletes amarelos eram ainda em pequeno número na capital e quase invisíveis entre a população.
Diário de Notícias
As forças armadas francesas juntaram-se à polícia, este sábado, em Paris, para enfrentar o 19º fim de semana consecutivo de protestos dos coletes amarelos contra o governo do presidente Emmanuel Macron. Ao final da manhã, com os locais habituais de manifestação interditos e o reforço militar junto às principais instituições francesas, os "coletes amarelos" passavam quase despercebidos entre turistas e parisienses.
© Eric Gaillard / Reuters |
Segundo a Reuters, o governo francês decidiu mobilizar os militares da operação antiterrorista "Sentinela", depois de ter proibido os manifestantes de se reunirem nos Campos Elísios, onde no último fim de semana dezenas de lojas foram destruídas e algumas completamente pilhadas.
Além da presença dos militares, o dispositivo voltou a ser reforçado este sábado com 6.000 polícias na rua. Até ao final da manhã, as autoridades contabilizavam 31 detenções de "coletes amarelos".
De acordo com o Le Monde, às 14.00 registavam-se 4688 controlos preventivos, levando a 51 interpelações e 29 verbalizações de pessoas que se tinham dirigido ao perímetro proibido. O Ministério do Interior contabilizou 8.300 manifestantes, entre os quais 3.100 em Paris.
A mobilização dos militares da operação 'Sentinelle' - criada em 2015 na sequência dos atentados terroristas em Paris - está a levantar algumas questões, nomeadamente entre os "coletes amarelos".
"Sabemos que os militares estão do nosso lado, estão aqui em pontos estratégicos para defender as instituições. Mas se eu for ao Eliseu e eles estiverem lá, o que é que acontece? É como se estivéssemos na Coreia do Norte ou na China", disse Christelle, vestida com colete amarelo e vinda dos arredores de Paris para se manifestar mais uma vez nas ruas da capital.
Christelle esteve na semana passada nos Campos Elísios, afirma ser "pacifista", mas não tem grandes remorsos em relação à violência mostrada pelo movimento. "Em relação às lojas e às pilhagens, se estão lá nos Campos Elísios é porque têm meios para lá estar. Não quero saber da Hugo Boss, eles já fazem muito dinheiro. Mesmo o Fouquet em cinzas, a mim tanto me faz, as seguradoras vão pagar tudo. O que me preocupa são só as pessoas que trabalham lá e que agora estão no desemprego", afirmou.
Com interdição de manifestação na principal avenida da capital, os "coletes amarelos" concentram-se esta manhã no Trocadero - em frente à Torre Eiffel -, na praça de Denfert-Rochereau e ainda em Montmartre, com dois cortejos declarados às autoridades francesas.
No entanto, o medo ainda paira entre os habitantes do 8.º bairro onde ficam os Campos Elísios. "Eu só quero paz. Já tivemos fins de semana difíceis. Gostava que o Governo encontrasse uma solução para isto porque já chega. Tenho medo que isto vá até ao verão. [...] A economia está a sofrer muito com isto, a imagem da França é catastrófica. Já para não falar do turismo, ninguém quer vir", contou Jacques, que vive na Avenida Kleber, junto ao Arco do Triunfo.
A operação 'Sentinelle' representa uma mobilização sem precedentes do exército no território francês desde a guerra da Argélia. Foi criada em 2015, depois dos atentados terroristas, e desde então 7.000 militares estão mobilizados permanentemente, metade dos quais na região de Paris, onde protegem locais religiosos ou muito frequentados por turistas, expostos ao risco de terrorismo.
De acordo com a informação avançada pelo porta-voz do Governo Benjamin Griveaux durante a semana, a missão militar tem como função reforçar a segurança durante manifestação marcada para este sábado, nomeadamente na proteção de edifícios oficiais e outros "pontos fixos".
Desde novembro que os coletes amarelos realizam manifestações de caráter caráter social e fiscal em França contra o aumento de impostos sobre os combustíveis.
De acordo com o The Guardian, no domingo Emmanuel Macron estará reunido com o líder chinês Xi Jinping, em Nice. E foi precisamente em Nice que ocorreu a situação mais tensa até ao momento, com os manifestantes a instalarem-se numa praça interdita aos protestos. A praça foi evacuada e houve alguns momentos de tensão e detenções por parte da polícia.
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