Os Estados Unidos implantaram um sistema antimíssil altamente avançado em Israel no início deste mês. Para o Hezbollah, movimento equivale ao reconhecimento da ineficiência das capacidades de defesa aérea israelenses.
Sputnik
O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse na sexta-feira que Israel está com medo e se mostra despreparado para outra guerra com seu grupo.
Hassan Nasrallah © AP Photo / Hussein Malla |
"Israel está com medo de uma nova guerra", disse ele em um discurso televisionado dedicado ao 30º aniversário da Associação de Apoio à Resistência Islâmica, organização de arrecadação de fundos do Hezbollah. "Todo dia você ouve que Israel não está preparado para a guerra de uma forma ou de outra, e nesta semana você viu Israel começar a usar o sistema americano THAAD. Eles não confiam nem mesmo nos sistemas de defesa antimísseis que eles mesmos desenvolveram", acrescentou.
Os Estados Unidos instalaram recentemente uma bateria do THAAD em Israel, considerado o mais avançado sistema antiaéreo do mundo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, defendeu a estratégia e afirmou que essa medida tornaria as forças armadas israelenses "ainda mais fortes para lidar com ameaças próximas e distantes de todo o Oriente Médio".
Segundo Nasrallah, porém, essa implantação significa que Israel tem dúvidas sobre suas capacidades de defesa em caso de um novo conflito. No discurso na sexta-feira, Nasrallah também prometeu que o Hezbollah "sairia vitorioso" do que chamou de "guerra financeira" travada pelos Estados Unidos e seus aliados.
"Como eles esperavam a derrota do Hezbollah em 2006 e ficaram desapontados, nos próximos dias vão testemunhar a vitória da Resistência nesta guerra financeira", disse, citado pela Al-Manar, uma emissora de TV filiada ao grupo.
Nasrallah pediu à Associação de Apoio à Resistência Islâmica para aumentar seus esforços, dizendo que um evento recente que buscou arrecadar dinheiro para o povo iemenita arrecadou US$ 2 milhões. Ele também condenou as sanções dos EUA ao Hezbollah, que em novembro designou seu filho como terrorista global e "líder em ascensão" do grupo.
Grupo ganha poder político e desperta desconfiança ocidental
O Hezbollah surgiu como uma organização política e paramilitar na década de 1980 para combater as forças de ocupação israelenses. A ala militar do grupo tem sido fundamental no combate aos terroristas na Síria, reforçando as forças seculares pró-governo. O grupo acumulou poder político no Líbano e agora três dos 31 ministros do novo governo são filiados ao movimento.
No entanto, alguns países dizem que não são mais capazes de distinguir entre sua ala política e o braço paramilitar. No mês passado, a Grã-Bretanha anunciou que proibiria o Hezbollah em sua totalidade, recebendo críticas do Líbano e elogios dos EUA e Israel.
O Hezbollah considera Israel um Estado ilegítimo. As tensões entre os dois se intensificaram em dezembro, quando militares israelenses anunciaram a Operação Escudo Nortista. A operação visava identificar e destruir túneis do Hezbollah, que, segundo Israel, seriam usados para contrabandear militantes e armas para o território em caso de um possível conflito.
Israel também realiza regularmente ataques aéreos dentro do território sírio, alegando que tem como alvo depósitos militares iranianos e suprimentos de armas preparados para o Hezbollah. Teerã sustenta que suas forças mantêm um papel exclusivamente consultivo na Síria e que não contrabandeia armas para a Síria para o grupo.