Atuando em conjunto, como um enxame, dezenas de drones poderão perfurar os mais modernos sistemas de defesa aérea.
Nikolai Litôvkin | Russia Beyond
No final de fevereiro, o Consórcio Kalashnikov, que fabrica armas e equipamentos de defesa, apresentou um novo veículo aéreo não tripulado (VANT), o KYB, na exposição de armamentos IDEX 2019.
Aleksandr Melnikov/Sputnik |
O KYB é um drone auto-explosivo que leva três quilos de trinitrotolueno a bordo. É uma versão tecnologicamente mais avançada dos “drones kamikaze” usados pelos militantes do Estado Islâmico na Síria e no Oriente Médio.
“Ele é um VANT com bombas, barato e simples, e sua produção custa cerca de 100 dólares. Ele pode perfurar defesas antiaéreas e explodir tanques de milhões de dólares. Além disso, é quase impossível detectá-lo no ar entre 100 e 200 metros de altitude”, explicou uma fonte no complexo militar-industrial que não quis ser identificada.
Segundo a fonte, os drones suicidas facilitarão significativamente o trabalho dos militares, uma vez que ele podem substituir diversos tipos de artilharia, tanques e até helicópteros de ataque.
“Este novo drone também é uma estação de reconhecimento, está equipado com câmera e bomba. O VANT pode ser usado tanto nos desertos, como nas cidades. O próximo passo será a criação de um conjunto de drones que atue como um enxame de abelhas”, disse a fonte.
A Rússia não é o único país desenvolvendo esta tecnologia: EUA, França e China também estão em busca de uma frota aérea barata e eficaz. Os chineses já demonstraram um “enxame” de drones que operam como uma entidade única.
Ataques de drones suicidas
Durante a operação militar russa contra o Estado Islâmico na Síria, os militantes usaram drones com explosivos semelhantes aos do KYB, de fabricação própria, contra a base russa na cidade de Hmeimim.
O sistema de defesa antiaérea russa Pantsir-S1 conseguiu derrubar todos os drones, mas o ataque revelou uma fraqueza dos complexos de defesa aérea modernos.
Os mais avançados sistemas de defesa antiaérea russos e estrangeiros são projetados combater aeronaves de alta tecnologia, como, por exemplo, caças de múltiplas funções, bombardeiros e mísseis. Mas não se previa a necessidade de destruir equipamentos tão simples controlados por rádio portando bombas caseiras.
Assim, os militares russos usaram as munições extremamente dispendiosas do Pantsir-S1 para derrubar drones baratos.
Em uma batalha hipotética contra um adversário mais avançado, se ele atacar com um grupo de drones, a base atacada não estará bem protegida contra outros equipamentos adicionais do inimigo, como caças e bombardeiros com mísseis modernos mais poderosos.
“Os drones auto-explosivos estão mudando radicalmente a cara da guerra. Hoje, exércitos do mundo inteiro estão começando a adaptar suas armas e desenvolver meios mais baratos para combater os VANTs”, disse a fonte do complexo militar.