O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou as Forças Armadas bolivarianas por sua lealdade e por terem derrotado um golpe liderado pelos EUA. O ex-relator da ONU na Venezuela, Alfred de Zayas, comentou a questão para a Sputnik Internacional.
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Questionado sobre a possibilidade de Caracas já estar fora de perigo em relação a uma intervenção estrangeira, Zayas alega que Washington ainda não desistiu da ideia, pois a "fartura de petróleo, ouro, bauxita e algodão da Venezuela demasiado atraente". Ele também afirma que o apagão elétrico ocorrido no dia 7 de março "não será o último".
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"Isso me lembra muito o apagão elétrico no Chile que foi organizado pelos EUA e, é claro, pela oposição chilena em 14 de agosto de 1973 […] Portanto, está claro que os EUA continuarão aumentando a pressão e que Guaidó, é claro, é o homem de Washington na Venezuela, e ele vai continuar reunindo seus apoiadores contra Maduro", disse o analista à Sputnik Internacional.
O ex-relator recorda que esta não é a primeira vez que esse tipo de subversão de governos estrangeiros acontece.
"A América Latina é o quintal dos Estados Unidos, e os Estados Unidos têm enormes interesses econômicos na América Latina, em particular na Venezuela. A questão é que, se a Venezuela não tivesse recursos naturais e se não tivesse os maiores recursos petrolíferos do mundo, ela não seria interessante para os EUA, porque não haveria dinheiro para ganhar e o negócio da América são os negócios. Por isso, os Estados Unidos querem controlar esses recursos naturais", continua.
Ao ser perguntado se haveria novos planos para tentar derrubar Maduro do poder, Zayas confirma que sim, pois o país bolivariano é muito rico, ele é considerado como tendo talvez a segunda maior reserva de ouro do mundo.
"Os EUA estão ansiosos para entrar e obter o lucro. Por causa das sanções, por causa do bloqueio financeiro eles [venezuelanos] não conseguem vender seus recursos naturais nacionais. Obviamente, o país está paralisado, o país tem que ver como pode controlar uma situação quase incontrolável. Mas é preciso entender que esta situação incontrolável é artificial."
Para o especialista, a solução para a chamada crise humanitária seria a remoção das sanções, parar a guerra econômica, levantar o bloqueio financeiro e deixar o país comprar e vender como qualquer outro.
"A ideia de usar o termo crise humanitária é fazer com que a chamada intervenção humanitária seja palatável para a opinião pública mundial. Esta tática de demonização não é nova […] Se você chama Maduro de corrupto, as pessoas vão gradualmente acreditar que se há fumaça há fogo", complementa ex-relator das Nações Unidas.
Zayas declara que a "imprensa está focando apenas em Maduro" porque a intenção é derrubá-lo.
"Meu medo é que, de fato, ele possa ser assassinado. Não se esqueça, já houve uma tentativa de assassinato contra ele, e tenho certeza de que haverá outras tentativas de se livrarem dele tal como o general Augusto Pinochet se livrou de Salvador Allende em 1973 […] E outro grande perigo, realmente grande, é que o próprio Guaidó possa ser assassinado. Seria uma falsa bandeira perfeita. Se você matar Guaidó, então você tem o pretexto para os EUA entrarem. Então eles vão colocar toda a culpa em Maduro", conclui o analista.