'Qualquer coisa que contribua para a continuação do sofrimento do povo venezuelano deve ser removida', disse o chanceler brasileiro. Aviões com agentes que a Rússia diz serem 'especialistas' chegaram no sábado a Caracas.
Reuters
Os militares russos enviados à Venezuela deveriam deixar o país se o seu propósito for o de manter o governo de Nicolás Maduro no poder, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, nesta quinta-feira (28).
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante reunião em comissão na Câmara — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados |
Em entrevista à Reuters, Araújo disse que espera que a Rússia reconheça que apoiar o presidente Maduro apenas aprofundará o colapso da economia e sociedade venezuelanas, e que o único modo de sair da crise é realizar eleições sob um governo interino liderado pelo líder da oposição Juan Guaidó.
"Se a ideia deles é manter Maduro no poder por mais tempo, isso significa mais pessoas passando fome e fugindo do país, mais tragédia humana na Venezuela", disse o ministro.
"Qualquer coisa que contribua para a continuação do sofrimento do povo venezuelano deve ser removida", afirmou, em entrevista por telefone.
Na quarta-feira (27), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que a Rússia retire seus militares da Venezuela e disse que "todas as opções" estão em aberto para que isso ocorra.
O presidente Jair Bolsonaro, que se uniu a uma frente liderada pelos EUA para levar ajuda humanitária até a Venezuela, já disse que as Forças Armadas brasileiras não têm intenção de intervir militarmente no país vizinho.
A chegada, no sábado, de dois aviões da Força Aérea russa a Caracas transportando, acredita-se, cerca de 100 membros das forças especiais russas e equipes de cibersegurança, escalaram a crise política na Venezuela. A Rússia disse nesta quinta que se tratam de "especialistas" enviados à Venezuela sob um acordo de cooperação militar e que ficariam lá.
Araújo disse que o Brasil gostaria de discutir a crise venezuelana bilateralmente com a Rússia e a China, suas parceiras no Brics, para convencê-las de que uma transição diplomática no país produtor de petróleo pode ser também de seu interesse.
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