Muitos incautos acreditam que a preocupação, o temor com perdas e danos, inclusive de vidas humanas, podem conduzir à uma desistência pela comunidade internacional em apoiar grandes potências em vias de uma escalada militar por sobre o nosso País, que isto se daria ainda antes do emprego de forças terrestres pelos contendores.
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva* | Forças Terrestres
Daí a pergunta: – “E se o conflito em desenvolvimento tiver justificativas humanitárias de fundo ecológico ou mesmo de fundamentação do tão apregoado “direito de proteger”? Uma outra verdade cristalina é que não há mais o que inventar, pelo menos com relação aos atores que, fatalmente, em mais ou menos dias, irão entrar em choque com o Brasil.
Astros 2020 |
Os “grandes predadores militares”, através de seus governantes, já se declararam, não sendo necessária nenhuma confirmação de indícios quanto a este desiderato pelo nosso sistema/aparato de informações. O mesmo se pode dizer sobre as áreas mais do que cobiçadas pelos mais do que prováveis oponentes, sim, justamente aquelas que estão como que a pedir uma agressão, a começar pelo Estado de Roraima, passando pela foz do Amazonas e ancorando na área do pré sal.
Quanto às nossas vulnerabilidades de defesa a serem dirimidas, estas sobrelevam de maneira tirânica, indiscutíveis e insofismáveis na sua realidade, realçando a falta que faz um sistema defensivo de foguetes e mísseis de cruzeiro, este que precisa, no mais curto prazo, sem afogadilhos de última instância, mas em regime de urgência e emergência, ser priorizado em conjunto de esforços conjugados/complementares pelos altos comandos do EB e da MB Mas, e os recursos para o estabelecimento desse sistema?
Em verdade, quem por dever e direito tinha que viabilizá-los não está nem aí para tanto, seja a politicalha, o segmento civil da população, passando muitas vezes pela falta de posicionamento mais firme e contundente pelo alto comando das FFAA. Como fazer reverter esta realidade de clareza meridiana? O que poderia fazer o governo Bolsonaro em “4” anos para diminuir o “gap” em termos de poder militar face às grandes potencias militares?
Não há como fugir desta realidade, paralelamente às providências de cunho prático para o desenvolvimento de uma indústria de defesa compatível, há que se motivar o psique da cidadania, através de uma preleção constante no sentido da forja de uma mentalidade de “nação armada”, que se diga, não para lutar, mas, sim, tão somente para fazer o inimigo desistir de fazer a guerra.
É de se perguntar então o que fez governo até agora para motivar o cidadão brasileiro neste sentido seja em termos de estágios, programação de palestras, exposições, simpósios? Existe por acaso um planejamento para, por meio da ação psicológica, fazer reverter esta alienação crônica preocupante durante este quadriênio?
Já teria sido estruturado o grupo de especialistas com a missão precípua de implementar estas medidas no mais curto prazo? Não, não se pode dormir no ponto! Ou se toma a iniciativa desde já ou vamos ser ultrapassados pela “mesmice”!
Dentre os subsistemas que devem conformar a estrutura maior de um Sistema Nacional de Defesa, em verdade o planejamento do Exército já contempla alguns, fato que pode ser constatado pelos seguintes projetos: ASTROS 2020, DEFESA ANTIAÉREA, DEFESA CIBERNÉTICA E SISTEMA DE SEGURANÇA DAS FRONTEIRAS.
Que não se duvide, o primeiro deles precisa estar operacionalizado muito antes do que todos os demais na medida em que, na sua falta, os restantes ficam por demais vulneráveis, correndo-se o risco mesmo de serem interrompidos/inviabilizados por motivo da própria antecipação das ações ofensivas pelo inimigo.
Ë bom que se diga, as baterias ASTROS II precisam estar ao pé da obra no mais curto prazo, não podendo se pensar no seu deslocamento ou transporte apenas quando o inimigo avisar “alô, estou chegando”. Por que? Primeiro devido ao alcance diminuto do AVM-300 (MATADOR DE MOSQUITOS), que exige localização ao longo do litoral/costa para se obter o alcance máximo (irrisório) sobre mar de apenas 300km; segundo, no caso do deslocamento do 6 GAMF, de Formosa/GO para o Rio de Janeiro/RJ, este vai ser batido pelos mísseis de cruzeiro durante todo o trajeto feito por estrada até que chegue ao seu destino.
Por favor, os “grandes predadores militares” são capazes até mesmo de lançar vetores para fazer o estrago já no aquartelamento, este de localização, talvez, já levantada por satélite espião. Ah! Mas o transporte aéreo… meu amigo, do aeroporto de Brasília/DF, a essa altura dos acontecimentos só deve ter sobrado aquela flamula que indica a direção do vento. Solução! Deslocar, no mais curto prazo as três baterias do grupo: uma para Belém/PA, outra para Boa Vista/RR e a terceira para MACAPÁ/AP.
Mas, e o Rio de Janeiro (Pré Sal!)? Lá temos uma bateria do material orgânica do Corpo de Fuzileiros Navais/CFN. Perdão minha gente! Não dá para pensar assim! Chega de GUARANIS! Por Deus, vamos procurar bater o inimigo ainda distante no oceano! Vamos fabricar as viaturas plataformas da artilharia! Vamos ensaiar nossos vetores de 1500/2500 km!
Com todas as honras e sinais de respeito, mas o alto comando das FFAA precisa se ligar. Não adianta espernear, dar murro em ponta de faca. Sem esse armamento alado não vai dar nem para sair. E a surra? Ah! Essa vai ser daquelas sem precedentes. Vamos apostar?
*Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior
FONTE: www.alertatotal.net