O presidente norte-americano, Donald Trump, referiu a possibilidade de entrada do Brasil na OTAN. O analista russo Pavel Feldman avaliou a possibilidade de entrada do Brasil na aliança, bem como que papel poderia desempenhar o Brasil no conflito na Venezuela.
Sputnik
Durante a visita oficial do presidente do Brasil Jair Bolsonaro aos EUA, foram discutidos os assuntos internacionais mais importantes, entre eles a cooperação bilateral entre os EUA e o Brasil e a situação na Venezuela.
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Uma das declarações mais sensacionais foi a possibilidade de entrada do Brasil na OTAN, referida pelo presidente dos EUA Donald Trump.
O vice-diretor do Instituto de Estudos Estratégicos e Prognósticos da Universidade Russa da Amizade dos Povos, Pavel Feldman, revelou em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik que os EUA são apenas um dos países da OTAN, há outros países cuja opinião deveria ser levada em conta nesse assunto.
Segundo ele, se o Brasil aderir à OTAN ele vai desempenhar o papel de vigilante dos EUA na América Latina.
"Durante a reunião com Bolsonaro, Trump anunciou seu objetivo, e essa frase hoje ganhou muitas manchetes no Ocidente, ele diz que está chegando a hora do crepúsculo do socialismo na América Latina. Em outras palavras, ele quereria pôr fim a todos os governos de esquerda na região, estabelecendo ali governos de direita, ou até mesmo de ultradireita, leais aos EUA. O Brasil também representa para ele [Trump] um posto avançado na luta contra a Venezuela", explicou ele.
Vale sublinhar que Bolsonaro declarou reiteradamente que não planeja autorizar a construção de uma base militar dos EUA no território brasileiro.
De acordo com Feldman, o encontro entre Trump e Bolsonaro tem um caráter desmoralizador para a Venezuela porque "seus adversários principais estão formando uma aliança e cercando-a".
"A entrada do Brasil na OTAN é uma espécie de orientação para Bolsonaro, mas com uma condição: use suas Forças Armadas na Venezuela para que isso seja feito não pelas mãos dos EUA, mas pelas mãos do exército brasileiro e então consideramos a possibilidade de sua adesão à OTAN", opinou o analista.
Segundo Feldman, os EUA não podem se atrever a realizar uma operação militar na Venezuela, por isso usam ali instrumentos de guerra híbrida, a pressão das sanções e, atualmente, um elemento de guerra por procuração, sublinhando que a pressão contra a Venezuela é uma espécie de ensaio antes da pressão dos EUA contra o Irã.
Quanto à possibilidade de participação do Brasil em uma operação militar, Bolsonaro declarou que seu país não está planejando participar de uma operação dessas.
"Provavelmente, para ele é difícil imaginar como seu país poderia fazer guerra contra um país vizinho, situado na mesma região […], mas poderia enviar ali suas forças especiais, ajudar com transporte militar, fornecer corredores, aeródromos, bases para unidades americanas e suas forças especiais", afirmou ele.
Comentando o futuro das relações brasileiro-americanas, Feldman disse que "hoje em dia é a ideologia de direita que une Trump e Bolsonaro. Não é por coincidência que Bolsonaro se chama de 'Trump tropical', um análogo de Trump na região, uma pessoa de direita e até mesmo de extrema-direita. Se os EUA fossem governados pela esquerda, e os Democratas hoje em dia são de esquerda, todas essas questões seriam esquecidas", concluiu o especialista.
É de assinalar que Bolsonaro prometeu fortalecer as relações com outros países não se baseando na ideologia como, segundo ele, era no caso da esquerda. Entretanto, alguns especialistas têm outra opinião sobre esse assunto (por exemplo, o professor de Relações Internacionais Ricardo Cabral declarou que o governo de Bolsonaro quer mais uma aliança com o conservadorismo de direita norte-americano do que com os EUA).
O presidente brasileiro realizou sua visita oficial de três dias aos EUA. Jair Bolsonaro já assinou alguns acordos que aprofundam a cooperação entre os dois países. Na reunião com seu homólogo norte-americano na terça-feira (19) foram discutidos assuntos internacionais, entre eles a cooperação comercial bilateral, a crise na Venezuela e o fortalecimento das relações entre Washington e Brasília.