França e Alemanha chegam a um acerto sobre o polêmico gasoduto, que é aceito pelos demais países europeus. Adversários criticam a obra e argumentam que ela vai elevar a dependência da UE da Rússia.
Deutsch Welle
Os Estados-membros da União Europeia (UE) chegaram nesta sexta-feira (08/02) a um acordo sobre a polêmica construção do Nord Stream 2, gasoduto planejado para ligar a Rússia à Alemanha.
A Alemanha pressionou a favor do Nord Stream 2, um gasoduto através do Mar Báltico que transportará gás russo para a União Europeia, e era contra alterações nas diretrizes porque elas ameaçavam o projeto.
Porém, a Alemanha foi obrigada a negociar depois que a França sinalizou, nesta quinta-feira, uma mudança de posição, passando de apoiadora a adversária do Nord Stream 2.
Nesta sexta-feira, em nova reviravolta, os dois governos apresentaram um projeto comum de reforma, que contempla tanto as mudanças nas diretrizes quanto os interesses alemães no Nord Stream 2.
A alteração nas diretrizes significava, basicamente, que a operação do gasoduto e o abastecimento dele com gás fossem duas atividades separadas e que não pudessem ser controladas por uma mesma empresa, como é o caso do Nord Stream 2, com a russa Gazprom.
A nova proposta contorna essa questão ao elevar o controle da UE sobre os gasodutos. A responsabilidade por pipelines com origem em países de fora da UE passa a ser do país onde esse pipeline alcança a rede europeia de gás. Ou seja, no caso do Nord Stream 2, a Alemanha será a responsável pelo controle do gasoduto.
O Palácio do Eliseu ressalvou que o governo alemão concordou que um controle europeu terá a palavra final sobre o Nord Stream 2. Analistas afirmaram que as mudanças implicam que a Gazprom terá que se submeter à regulação europeia.
Depois do acerto em Bruxelas, a reforma das diretrizes do gás ainda precisará passar pelo Parlamento Europeu, pela Comissão Europeia e pela aprovação de todos os países-membros para só então passar a vigorar.
Os adversários do projeto argumentam que o novo gasoduto vai elevar a dependência europeia do gás da Rússia, além de prejudicar interesses de países do Leste da UE e de parceiros, como a Ucrânia, que perdem dinheiro se houver menos gás passando por seu território.
Quando concluído, o Nord Stream 2 transportará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás da Rússia para a Alemanha por ano, através do Mar Báltico, contornando países de trânsito como a Polônia e a Ucrânia.