As quatro ilhas russas no arquipélago das Curilas, reivindicadas pelo Japão, seriam os lugares ideais para implantar mísseis norte-americanos, reporta o Japan Business Press (JBP), ressaltando que a instalação de sistemas de defesa aérea nas ilhas fortaleceria a defesa dos EUA e do Japão contra os mísseis balísticos da Coreia do Norte.
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A publicação afirma que, para aumentar as chances de derrubar um míssil balístico, é preciso atacá-lo no estágio inicial depois do seu lançamento — mesmo antes da separação das ogivas. Portanto, o local mais adequado para o posicionamento é a ilha russa de Iturup.
A publicação afirma que, para aumentar as chances de derrubar um míssil balístico, é preciso atacá-lo no estágio inicial depois do seu lançamento — mesmo antes da separação das ogivas. Portanto, o local mais adequado para o posicionamento é a ilha russa de Iturup.
Tanque IS-2 na Ilha Shikotan, a maior entre as Ilhas Curilas © Sputnik / Andrei Shapran |
Ainda segundo o JBP, a ilha Iturup precisaria ser integrada ao sistema norte-americano de defesa antiaérea para combater não apenas os mísseis balísticos intercontinentais norte-coreanos, mas também para proteger a Europa de ataques do Irã.
O Japão se recusa a considerar as quatro ilhas russas como parte do arquipélago das Curilas e admite que a Rússia, tendo essas ilhas como parte de seu território, controla o estreito de Vries, que dá acesso ao mar alto.
"Se a Rússia entregar as quatro ilhas, ou mesmo apenas três, com exceção de Iturup, é provável que o Japão e os EUA bloqueiem o estreito de Vries", prevê a edição.
Além disso, o JBP pressupõe que os sistemas de defesa antiaérea dos EUA implantados nessas ilhas permitiriam rastrear mais rapidamente os lançamentos de mísseis russos a partir do mar de Okhotsk.
"Para a Rússia, o mar de Okhotsk é uma área sagrada dos seus submarinos estratégicos, por isso esta região é patrulhada por numerosos navios e estão implantados mísseis antinavio nas ilhas Curilas. No entanto, se as forças nipo-americanas aparecerem nas ilhas, caso estas sejam entregues [a Tóquio], surgirá uma brecha na linha de defesa que protege os submarinos", escreve o autor do artigo.
O jornal também enfatiza que é improvável que Moscou queira entregar as ilhas a Tóquio, já que as Curilas do Sul possuem um valor militar extremamente importante para a Rússia. Portanto, os diplomatas japoneses que estão negociando essa questão devem estar bem conscientes do que essas ilhas significam para Moscou e, com base nisso, estabelecer um diálogo.
A Rússia e o Japão não conseguiram chegar a um acordo de paz após o fim da 2ª Guerra Mundial, principalmente devido à disputa sobre as ilhas Curilas, agora governadas por Moscou, que as considera parte inalienável do território do país.
Em 1956, a União Soviética e o Japão assinaram uma Declaração Conjunta, na qual Moscou concordou em considerar a possibilidade de transferir Habomai e Shikotan na sequência da conclusão da paz — o destino de Kunashir e Iturup não seria afetado. O governo soviético esperava que o documento pusesse fim à disputa, mas o Japão via isso como apenas parte da solução do problema. Negociações subsequentes não resultaram em sucesso.
Em novembro de 2018, depois da reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, em Singapura, as duas partes anunciaram uma aceleração no processo de negociação do tratado de paz e das Curilas baseado na declaração de 1956, assinada pelo Japão e URSS.
As negociações são complicadas pelo fato de Tóquio apoiar as sanções contra a Rússia.