Percentual de militares venezuelanos que desertaram é inferior a 1% do efetivo. Desertores pedem apoio de colegas de farda.
Por G1
Autoridades migratórias colombianas informaram na segunda-feira (25) que mais de 270 militares, a maioria de baixa patente, abandonaram as forças armadas bolivarianas e entraram na Colômbia nos últimos três dias. Outros sete fugiram para o Brasil.
Autoridades migratórias colombianas informaram na segunda-feira (25) que mais de 270 militares, a maioria de baixa patente, abandonaram as forças armadas bolivarianas e entraram na Colômbia nos últimos três dias. Outros sete fugiram para o Brasil.
Militares colombianos escoltam integrante da Guarda Bolivariana e cachorro que fugiram da Venezuela para a Colômbia — Foto: Luis Robayo/AFP |
Dados oficiais do governo venezuelano, no entanto, dizem que o efetivo da Força Armada Nacional Bolivariana varia de 95 mil a 150 mil. Ou seja, o percentual de militares que deixaram o país nos últimos dias fica em torno de 0,3%.
Os números oficiais de efetivos não contabilizam as milícias bolivarianas apoiadas pelo regime de Nicolás Maduro. O presidente chavista tem apoio do alto comando militar, que manifestou várias vezes repúdio à iniciativa do líder da oposição Juan Guaidó de se autodeclararpresidente interino da Venezuela.
Desde então, Guaidó tenta convencer os militares venezuelanos a mudarem de lado. Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu os integrantes das forças armadas da Venezuela que mantiverem apoio a Maduro: "Vão perder tudo", disse em discurso à comunidade latina em Miami.
Os militares desertaram em meio ao acirramento da crise política na Venezuela após o bloqueio nas fronteiras à ajuda humanitária da coalizão liderada pelos Estados Unidos. Houve confronto nas cidades fronteiriças, e a maioria dos desertores fugiram por rotas próximas às cidades de Pacaraima (Brasil) e Cúcuta (Colômbia).
Desertores pedem apoio
Após cruzar as fronteiras, os militares pediram aos colegas de farda que passassem a desobedecer às ordens do regime Maduro. "Coloquem-se do lado do povo, porque o povo está passando fome", disse o sargento Carlos Eduardo Zapata a jornalistas no domingo.
Zapata foi um dos três primeiros sargentos a cruzar a fronteira entre Brasil e Venezuela. Ele relatou que um sobrinho dele morreu há cinco dias por falta de medicamentos.
"Nós, a tropa profissional, queremos que os nossos companheiros se unam. Se não podem fazer nada na Venezuela, que venham para o Brasil ou saiam para a Colômbia", pediu Zapata.
No Brasil, os dois primeiros caminhões com alimentos e remédios chegaram até Pacaraima no sábado, mas não puderam entrar na Venezuela e foram recolhidos. Após a retirada deles, venezuelanos que estavam do lado brasileiro atacaram uma base militar no território da Venezuela.
Os militares venezuelanos reagiram e segundo o coronel Jacaúna, comandante da Operação Acolhida, lançaram bomba de gás e dispararam com arma de fogo, inclusive contra o território brasileiro.
Nenhum deles, até o momento, confirmou ter havido ordens para atirar com armas de fogo contra cidadãos venezuelanos que tentassem passar do lado venezuelano para outros países nas fronteiras.
Perguntados sobre qual ordem recebiam para lidar com manifestantes, o sargento Jorge Luis Gonzales Romero respondeu: "Ninguém cruza a fronteira, nem veículo". Se alguém tentasse cruzar, segundo ele, a orientação era "chamar a atenção e retirá-lo dali".
Militar desertou com cachorro antidrogas
No domingo, um dos militares venezuelanos que atravessou a fronteira para a Colômbia estava acompanhado de um cachorro da Guarda Nacional Bolivariana.
Segundo o jornal colombiano "El Nacional", o cachorro participava de operações antidrogas na Venezuela. O cuidador, um militar identificado como Laverde, recusou-se a deixar o companheiro para trás.