Governo dos EUA diz que 'todas as opções estão à mesa' para conter o regime de Nicolás Maduro. O presidente interino declarado, no entanto, disse a jornal argentino que se espera que não haja ação militar externa.
France Presse
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nesta sexta-feira (1º) que tem esperança de que a crise no país nunca seja resolvida com uma intervenção armada. A declaração foi feita ao jornal "Clarín", da Argentina.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nesta sexta-feira (1º) que tem esperança de que a crise no país nunca seja resolvida com uma intervenção armada. A declaração foi feita ao jornal "Clarín", da Argentina.
Juan Guaidó participa de ato público na Universidade Central, em Caracas, na Venezuela, na quinta-feira (31) — Foto: Federico Parra/AFP |
Quando perguntado por escrito se ele concordaria com uma ação militar de um ou mais países, ele respondeu: "Com absoluta sinceridade, eu lhes digo que espero que isso nunca aconteça".
"Nossa luta democrática e adesão à Constituição é muito difícil, mas acreditamos nela e queremos evitar um resultado violento", disse.
Dirigentes chavistas fiéis ao presidente Nicolás Maduro afirmam que os Estados Unidos tentam justificar uma ação militar na Venezuela, apesar de o governo de Donald Trump falar de "muitas opções para conseguir uma saída pacífica para a crise".
"Não posso deixar de repetir qual é o nosso roteiro: fim da usurpação, governo de transição e eleições livres", afirmou o autoproclamado presidente no site do jornal argentino.
A uma pergunta sobre os aliados de Maduro, Guaidó disse que "se há governos ao redor do mundo que são testemunhas diretas da corrupção generalizada e do desperdício ocorrido na Venezuela nos últimos 20 anos são a China e a Rússia".
"A determinação do governo de transição que estamos perfilando é a de honrar todos os compromissos que a República legalmente adquiriu, isto é, aqueles validamente aprovados pela Assembleia Nacional. E nós também respeitaremos os investimentos legítimos feitos pelas empresas desses países", afirmou.
Quando perguntado sobre sua posição quanto à Força Armada, declarou:
"Nossa mensagem aos nossos militares, alto comando e outros oficiais, é muito clara: nós não queremos que apoiem um partido político ou um lado."
"Também não queremos que haja divisões, ou que apliquem um golpe de Estado", acrescentou. "Pedimos a eles que cumpram e apliquem a Constituição. Sua lealdade não é a um indivíduo, mas à nação que lhes confiou as armas para defendê-la", disse.
Sobre se acredita que Maduro conta na Venezuela com um grupo de mercenários da Rússia, ele respondeu que "para o governo da Federação Russa, tentar apoiar Nicolás Maduro é sem sentido. Um gasto inútil. Espero que essa informação não seja verdadeira".
Protesto no sábado
Nesta sexta-feira, em Caracas, Guaidó vai definir os planos para a entrada de ajuda humanitária ao país, enquanto se prepara para liderar no sábado uma marcha em apoio ao ultimato europeu dado ao presidente Nicolás Maduro para convocar "eleições livres".
A tensão aumenta a cada convocação de novo protesto, já que distúrbios desde 21 de janeiro deixaram cerca de 40 mortos e mais de 850 detidos, segundo a ONU, enquanto em 2014 e 2017 duas ondas de manifestações resultaram em cerca de 200 mortes.
Guaidó se autoproclamou presidente após o Congresso declarar Maduro "usurpador" depois de assumir um segundo mandato considerado ilegítimo, por ter sido resultado de eleições "fraudulentas".
Assessor de Trump quer que Maduro 'se aposente'
O assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton, afirmou ontem pelo Twitter que deseja a Maduro uma "aposentadoria longa e tranquila em uma bonita praia longe da Venezuela". "Eles [Maduro e assessores] devem se aproveitar da anistia concedida por Guaidó e partir. O mais rápido possível", escreveu.
Em entrevista a uma rádio nesta sexta-feira, o braço direito do presidente norte-americano comentou que o venezuelano poderia acabar em Guantánamo (Cuba), onde os EUA têm uma prisão militar para suspeitos de terrorismo.
"Ontem tuitei que desejo para ele um aposentadoria longa e tranquila em uma bonita praia longe da Venezuela. E quanto mais rápido aproveitar essa oportunidade (de anistia), mais provável que poderá ter uma aposentadoria agradável e tranquila em uma praia bonita ao invés de estar em outra região praieira como a de Guantánamo", disse Bolton em entrevista a uma rádio.
Perguntado pela Agência EFE, um porta-voz de Bolton não quis fazer mais comentários sobre a afirmação do assessor de Trump – um conhecido defensor da prisão militar que os EUA têm na base naval de Guantánamo.