O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país, negou nesta terça-feira que a Rússia apoie amplamente o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em entrevista ao jornal russo "Novaya Gazeta".
EFE
Moscou - "Não houve nenhum novo crédito nem nenhum grande investimento. Apenas declarações públicas. Não vejo isto como um amplo apoio", afirmou o deputado opositor.
EFE/Embaixada da Colômbia |
Guaidó não quis criticar a cooperação russa com o regime venezuelano e lembrou que "a Rússia tem grandes investimentos na Venezuela: petróleo e gás", mas advertiu que, "atualmente, Maduro não defende ninguém".
"Nem do perigo, nem da fome, nem da perseguição. E também não defende os investidores. Maduro é um péssimo sócio para a democracia, os direitos humanos e os investimentos", acrescentou Guaidó.
Em particular, o líder da oposição destacou que "o regime de Maduro simplesmente roubou parte do investimento. Pegaram o dinheiro e não estão pagando as obrigações contraídas com a Rússia".
Guaidó afirmou que "o melhor que pode acontecer é a mudança deste regime por outro que estabilize a situação para que os investidores possam investir".
Além disso, o político do partido Vontade Popular (VP) tachou de "propaganda" as acusações de que seria um "protegido" de Washington.
"Nosso principal cliente sempre foram os Estados Unidos, mas também trabalhamos com a Rússia, e com a China e a Índia. Todos os países que nos apoiam terão nosso respeito e apoio", disse Guaidó.
O presidente da Assembleia Nacional garantiu ao "Novaya Gazeta", o meio de comunicação mais crítico com o Kremlin, que "a maioria dos venezuelanos quer mudanças", assim como "80% das Forças Armadas", e também a comunidade internacional.
Guaidó qualificou Maduro de "ditador", considerou que é sua obrigação criar um governo de transição e realizar eleições livres "o mais rápido possível" e adiantou que continuará com os protestos populares até conseguir seu objetivo.
O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, disse hoje que os EUA estão preparando uma intervenção militar no país latino-americano para derrubar Maduro, que foi "eleito" legitimamente.
Para Patrushev, a mobilização recente de forças especiais americanas tanto em Porto Rico como na Colômbia são indícios dessa intenção.
A Rússia vem acusando os EUA há algumas semanas de prepararem uma mudança violenta de regime na Venezuela sob a fachada de uma operação humanitária.
Desde um primeiro momento, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, apoiou Maduro diante do que chamou de "ingerência destrutiva" dos EUA e defendeu o diálogo para solucionar a crise.