Há pouco mais de uma semana, a Marinha do Brasil (MB) foi informada, de maneira ainda extraoficial, de que representantes do Ministério da Defesa britânico, da Marinha Real (Royal Navy) e da Real Frota Auxiliar (Royal Fleet Auxiliary, RFA) se encontram ultimando a relação dos meios navais do Reino Unido que serão descomissionados a partir do segundo semestre deste ano.
Por Roberto Lopes | Poder Naval
Apesar de muitos oficiais dos setores de Material e de Gestão dos Programas da Marinha desconhecerem o posicionamento pessoal do novo Comandante da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior, sobre “compras de oportunidade”, uma fonte do Poder Naval qualificou de “irrecusável” a oferta do Navio Reabastecedor e de Apoio Logístico que irá figurar nessa lista – nesse caso, o Wave Ruler (A390), um navio de 196,5 m de comprimento e 31.500 toneladas de deslocamento, com cerca de 16 anos de uso, próprio para o aprovisionamento de forças-tarefa empenhadas em travessias de longo alcance.
RFA Wave Ruler reabastecendo a fragata Type 23 HMS Iron Duke |
Segundo a informação que alcançou a MB, o inventário ora em elaboração deverá estar pronto até o fim do mês que vem.
De acordo com o que o PN pôde apurar, o corte de meios na Royal Fleet se impõe em razão de despesas altíssimas que estão sendo planejadas e executadas devido à prontificação, entre outros, do segundo navio-aeródromo classe Queen Elizabeth, à incorporação de aeronaves F-35B, dos submarinos de mísseis balísticos, de três submarinos de ataque classe Astute, de 13 fragatas dos Tipos 26 e 31, e dos dois novos navios-doca que, na década de 2030, entrarão no lugar dos LPDs Classe Albion.
Guerra de minas
Existe, na oficialidade mais próxima do assunto, uma expectativa natural acerca dos navios que vão compor o elenco de meios considerados dispensáveis.
Isso porque, na opinião desses militares, o que os ingleses estão fazendo é uma antecipação dos seus diferentes cronogramas de descomissionamento.
Assim, além do Wave Ruler, é possível que figure nesse inventário alguma fragata Tipo 23 (classe Duke), de 4.900 toneladas, e um ou mais patrulheiros oceânicos classe River – os mais antigos, Tyne e Mersey, desprovidos de convés de voo à ré (o que é considerado na MB uma desvantagem importante).
Permanecem, no entanto, interrogações importantes, em relação, por exemplo, a uma eventual disponibilização dos navios de contra-medidas de minagem da classe Hunt, de 750 toneladas e pouco mais de 30 anos de uso.
O Poder Naval consultou um oficial brasileiro que conhece essa classe de embarcação. “Particularmente acho os Hunt muito bons. Porém, a idade dos cascos e o longo uso na RN pesam muito”, explicou ele ao PN por email. “Se forem disponibilizados e se houver interesse da MB, precisarão de vistoria minuciosa”.
Nesse momento a prioridade da MB no tocante à guerra de minas é alavancar os 230 milhões de dólares que lhe permitirão comprar dois caça-minas usados da classe sueca Koster, oferecidos três anos atrás ao Brasil.
O plano da Força Naval não é apenas substituir os varredores classe Aratu, de origem alemã, sediados na Bahia – embarcações da década de 1970 –, mas também providenciar a criação de uma unidade de navios de contra-medidas de minagem na recém-instalada Base Naval de Itaguaí, onde estão sendo construídos os novos submarinos de ataque da Força, da classe francesa Scorpène.
Por enquanto a intenção é fabricar os Koster em um estaleiro brasileiro, contando com a assistência – e a transferência de tecnologia – da Suécia. “Os Koster são caros, mas muito eficientes”, diz a fonte do PN que opinou acerca da classe Hunt. “[A opção pelos navios suecos] vale o investimento, pois eles resguardarão, principalmente, os canais de navegação de portos e bases navais”.
O histórico de cooperação entre as Marinhas do Brasil e do Reino Unido é, contudo, imbatível.
BAE Systems
HMS Quorn, caça-minas da classe Hunt |
Isso porque, na opinião desses militares, o que os ingleses estão fazendo é uma antecipação dos seus diferentes cronogramas de descomissionamento.
Assim, além do Wave Ruler, é possível que figure nesse inventário alguma fragata Tipo 23 (classe Duke), de 4.900 toneladas, e um ou mais patrulheiros oceânicos classe River – os mais antigos, Tyne e Mersey, desprovidos de convés de voo à ré (o que é considerado na MB uma desvantagem importante).
Permanecem, no entanto, interrogações importantes, em relação, por exemplo, a uma eventual disponibilização dos navios de contra-medidas de minagem da classe Hunt, de 750 toneladas e pouco mais de 30 anos de uso.
O Poder Naval consultou um oficial brasileiro que conhece essa classe de embarcação. “Particularmente acho os Hunt muito bons. Porém, a idade dos cascos e o longo uso na RN pesam muito”, explicou ele ao PN por email. “Se forem disponibilizados e se houver interesse da MB, precisarão de vistoria minuciosa”.
Nesse momento a prioridade da MB no tocante à guerra de minas é alavancar os 230 milhões de dólares que lhe permitirão comprar dois caça-minas usados da classe sueca Koster, oferecidos três anos atrás ao Brasil.
O plano da Força Naval não é apenas substituir os varredores classe Aratu, de origem alemã, sediados na Bahia – embarcações da década de 1970 –, mas também providenciar a criação de uma unidade de navios de contra-medidas de minagem na recém-instalada Base Naval de Itaguaí, onde estão sendo construídos os novos submarinos de ataque da Força, da classe francesa Scorpène.
Por enquanto a intenção é fabricar os Koster em um estaleiro brasileiro, contando com a assistência – e a transferência de tecnologia – da Suécia. “Os Koster são caros, mas muito eficientes”, diz a fonte do PN que opinou acerca da classe Hunt. “[A opção pelos navios suecos] vale o investimento, pois eles resguardarão, principalmente, os canais de navegação de portos e bases navais”.
O histórico de cooperação entre as Marinhas do Brasil e do Reino Unido é, contudo, imbatível.
BAE Systems
Há várias décadas que o governo britânico, por meio da Royal Navy e de sua Indústria de Material de Defesa, apóia a Esquadra brasileira.
Na última semana de outubro de 2010, o conglomerado BAE Systems apresentou uma proposta detalhada aos chefes navais brasileiros, que previa o fornecimento de um pacote de embarcações navais por meio de contratos de transferência de tecnologia para que essas unidades fossem construídas no Brasil.
A oferta de oito anos atrás priorizava a construção de cinco escoltas, cinco patrulheiros oceânicos (do porte dos navios classe River) e de um navio de Apoio Logístico derivado da Classe Wave – precisamente a mesma que está sendo oferecida agora à MB.
Na última semana de outubro de 2010, o conglomerado BAE Systems apresentou uma proposta detalhada aos chefes navais brasileiros, que previa o fornecimento de um pacote de embarcações navais por meio de contratos de transferência de tecnologia para que essas unidades fossem construídas no Brasil.
A oferta de oito anos atrás priorizava a construção de cinco escoltas, cinco patrulheiros oceânicos (do porte dos navios classe River) e de um navio de Apoio Logístico derivado da Classe Wave – precisamente a mesma que está sendo oferecida agora à MB.